Apocalypse Now
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Acabo de ler O Coração das Trevas, de Joseph Conrad. Comprei o livro por um motivo: nele foi baseada a história de Apocalypse Now, o melhor filme que já assisti. Claro, não vou tratar do livro aqui. Mas, apenas como comparação, ao ler o livro nota-se a genialidade de Francis Ford Coppola à frente da obra cinematográfica.
Vi Apocalypse Now anos depois de seu lançamento, em 1979. Foi logo a versão estendida (Apocalypse Now Redux, com 49 minutos a mais), em DVD. E fiquei extasiado. Louco, claustrofóbico, perturbador, surreal, sombrio. Sim, muito sombrio. Definições perfeitas para uma guerra. E perfeitas para essa obra prima. Além de ser um filme monumental sobre a guerra, é um estudo sobre a natureza humana.
A história é assim: esgotado pela guerra do Vietnã, o capitão Willard é mandado de volta à selva para encontrar o coronel Kurtz, que teria enlouquecido e montado um exército próprio. À medida que entra na floresta, Willard é tomado por seus encantos e pela insanidade da batalha que o cerca. Os membros de sua tripulação são mortos um a um, enquanto o capitão lentamente se torna mais e mais parecido com o homem que deveria encontrar.
Apocalypse me conquistou ao longo de sua história. “The horror, the horror”, as palavras ditas de maneira cortada durante o filme e auto-explicadas nas cenas finais, ficaram na minha cabeça e marcaram o horror que a mente de Kurtz vive. Aliás, Kurtz, vivido por Marlon Brando, é sem dúvida o ápice desse clássico.
Parênteses aqui. O “the horror” também é o ponto alto do livro. E pára por aí.
Ah, e a música do filme? É primorosa. A canção do início, com as antológicas cenas de um incêndio na floresta, provocado por um ataque dos Estados Unidos com bombas Napalm, é The End, um dos maiores sucessos do The Doors. Em uma das mais famosas cenas do filme é utilizada A Cavalgada das Valquírias, de Richard Wagner.
No elenco, incríveis Brando, Robert Duvall ( e sua célebre frase “adoro o cheiro de Napalm pela manhã”), Martin Sheen, Laurence Fishburn (com 14 anos), Denis Hopper, Harison Ford e até o diretor Coppola.
Quem tem um pé atrás com filmes de guerra, não tenha receio. Veja Apocalypse Now. É muito mais que guerra. Quem gosta do gênero, ah, delicie-se. Como em todos os grandes filmes de Coppola, não há em Apocalypse Now nada que denote a época em que foi rodado – nem um movimento de câmara datado, nem um recurso que seja típico dessa ou daquela década. O filme existe num tempo que é só seu. É por causa de filmes assim que o cinema se tornou uma das maiores forças culturais do século 20. E nós todos deste blog gostamos tanto da Sétima Arte.
Curiosidades:
– Em 1979 Apocalypse Now passou longe de ser uma unanimidade. Boa parte da crítica detestou o clima surreal.
– O filme ficou notório como uma das mais arriscadas e tumultuadas filmagens da história. Foram 15 meses na selva das Filipinas, em locações tão remotas que muitas delas só eram acessíveis por meio de aviões fretados. Furacões destruíram vários dos cenários construídos com imensa dificuldade, e freqüentemente as Forças Armadas filipinas tomavam de volta os helicópteros que havia emprestado, interrompendo o trabalho. Às vezes, as chuvas tropicais punham tudo a perder. Outras vezes, era a falta delas que arruinava as cenas. O diretor estava à beira da falência e o ator principal (Martin Sheen) teve um ataque cardíaco no meio das filmagens – aos 36 anos de idade.
– Quando o filme pronto foi exibido em Cannes, em 1979, onde ganhou a Palma de Ouro, Coppola apresentou-o com uma frase que ficou célebre: “este não é um filme sobre o Vietnã. É o próprio Vietnã”.
– Coppola sabia que, para os padrões da época, seu filme era estranho e longo. Temeroso de não recuperar o investimento de 31 milhões de dólares – o dobro do plano inicial –, cortou duramente o material filmado. Eis o porquê de Apocalypse Now Redux.
– Redux traz seqüências inéditas e reorganiza outras, de forma a se aproximar do corte que o diretor imaginara a princípio. Robert Duvall, por exemplo, tem mais tempo em cena como o coronel Kilgore, que chacina um vilarejo todo só para poder surfar nas ondas de sua praia. E Marlon Brando aparece de corpo inteiro, à luz do dia – dizia-se que as tomadas fechadas e escuras do astro serviam para ocultar sua obesidade.
– O filme ganhou dois Oscar, e é considerado um dos mais injustiçados na premiação em toda a história. Venceu em fotografia e Som. Concorreu em Filme, Direção de Arte, Direção e Ator Coadjuvante (Duval).
Apocalypse Now / Apocalypse Now
CLASSIFICAÇÃO: PARE TUDO E VÁ VER
Ficha técnica
Direção: Francis Ford Coppola
Elenco: Marlon Brando, Robert Duvall, Martin Sheen, Frederic Forrest, Albert Hall, Laurence Fishburn, Denis Hopper, Harison Ford e o diretor Coppola
Duração: 148 min
Gênero: Guerra
Roteiro: Francis Ford Coppola e John Milius, baseado em romance de Joseph Conrad
Produção: Francis Ford Coppola
Música: Carmine Coppola, Francis Ford Coppola e Mickey Hart
Fotografia: Vittorio Storaro
Direção de arte: Angelo P. Graham
Figurino: Charles E. James
Edição: Lisa Fruchtman, Gerald B. Greenberg, Richard Marks, Walter Murch e Randy Thom
Outro filmão. Vi as duas versões, mas a antiga me pareceu melhor, mais coesa. Dica, veja o documentário O Apocalipse de um Cineasta, da mulher do Coppola, e, se puder, leia Como a Geração Sexo-Drogas-Rock´N´Roll Salvou Hollywood, do Peter Biskind, e atente o grau da falta de noção do Francis…
assistam nascidos para matar isso que é filme !
Assista novamente, Flávia. mas v´[a até o fim. É daqueles que marcam pelo fim, que faz entender e adorar toda a história.
Amo filmes de guerra. É um dos meus gêneros favoritos e tenho clássicos bem legais. Gosto de Apocalypse Now, mas de verdade, não consigo ter nem metade dos ataques cardíacos que Danilo tem quando assiste ao filme. Pensei mto antes de escrever o comentário, tentando buscar na memória os aspectos que menos me agradaram. Em vão. Vi há mto tempo, mas assistirei novamente e prometo fazê-lo com o coração aberto.
No geral, é sim um bom filme. Só não acho sensacional…
Esse preconceito com o melhor filme de terror do mundo é péssimo.
Vou obriga-los a assistir…nao quero saber!
Vc tem muito bom gosto, Marina. Isso sem contar aquele filme do diabo…
Concordamos neste aqui! É bem bom..e não me canso de assitir…