As Aventuras de Tom Jones

As Aventuras de Tom Jones

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Quem tem interesse por cinema precisa assistir a As Aventuras de Tom Jones. Não que seja o melhor filme de todos os tempos. Mas, sim, porque, além de bom, já entrou para a história da Sétima Arte, seja por seu apanhado de prêmios, seja pelo ineditismo.

De 1963, a comédia é baseada no livro homônimo de Henry Fielding, de 1749. É a grande obra do escritor, a que lhe deu o título de “o pai das histórias de ficção inglesas”. No original são 900 páginas, de uma provocação incrível. Não… ainda não li o livro e não sou especialista em literatura inglesa. Aprendi com Sandra Vasconcelos, professora da USP que por quase meia hora participa dos extras do filme. É ela também quem clareia a homenagem do filme à Odisséia, de Homero.

Tanto na obra cinematográfica quanto no livro a história se passa na Inglaterra de 1740. O fidalgo Allworthy, rico proprietário de terras, descobre um bebê abandonado em sua cama e resolve adotá-lo, com o nome de Tom Jones. Com um corte no tempo, Jones aparece adulto, um homem que combina defeitos e qualidades, de bem com a vida, despreocupado, vivendo o doce ócio da riqueza.

Molly, uma das muitas empregadas da propriedade, é sua parceira sexual, até que a bela vizinha Sophie volta para casa. Ela é filha de outro rico proprietário de terras, um bonachão xucro sem qualquer preocupação com boas maneiras e refinamento. Jones e Sophie se apaixonam, mas, como ele é filho bastardo, não podem ficar juntos. Eis que ambos caem na estrada para Londres, ao mesmo tempo mas separados, procurando um ao outro. E aí entra a Odisséia.

Repito. O livro é de 1749 e o filme, de 1963. Mas ainda assim temos cenas e cenas de sexo, mulheres lindas se mostrando sem qualquer falso pudor, críticas à aristocracia e ao casamento arranjado (apesar de o autor do livro se manter com um pé nas tradições), um lapso de incesto (desmentido rapidamente) e, o melhor, um desrespeito (neste caso, bom!) a qualquer regra do cinema.

O filme é uma sátira. Exagera no escracho e usa dezenas de formas para ganhar o espectador. A abertura, mostrando quem é o nobre Allworthy (o pai adotivo de Jones), é como em filmes mudos, só com legendas. Há ainda o uso de um círculo preto em torno de determinado personagem, recurso das primeiras décadas do cinema. De repente, um dos personagens vira para a tela e conversa com o espectador. E há até aceleração de imagens, para o tempo passar mais rápido. Isso sem falar da cena que Jones e Sophie estão cavalgando e parece que estão em um rolo de fotografia, que se repete: um aparece depois do outro, mas em evolução, com roupas diferentes, com o tempo passando.

“Ah, isso tudo já existe”, pode ser o pensamento. Mas vale observar (sim, de novo) as datas do livro e do filme e a opção por colocar essas característica em um só “pacotão”.

Vencedor do Oscar nas categorias de melhor filme, diretor, roteiro adaptado e trilha sonora e indicado nas categorias de melhor ator (Albert Finney), ator coadjuvante (Hugh Griffith), atriz coadjuvante (três! Diane Cilento, Edith Evans e Joyce Redman) e direção de arte colorida, As Aventuras de Tom Jones marcou época. Melhor, marcou o cinema, como o original já havia marcado a literatura inglesa. E marcou a carreira de seus protagonistas.

Albert Finney (Tom Jones) ganhou “porte” e virou histórico, com cerca de 60 filmes ou episódios para a TV e nomeações para o Oscar por cinco vezes, quatro das quais como ator principal (Assassinato no Expresso Oriente, O Fiel Camareiro e À Sombra de Um Vulcão, além de Tom Jones) e a outra como coadjuvante (Erin Brockovich, Uma Mulher de Talento). Pena jamais ter levado a estueta para casa. Ainda fez, mais recentes, Traffic, Um Bom Ano, Doze Homens e Outro Segredo, O Ultimato Bourne…e por aí vai.

Susannah York (Sophie), que morreu em janeiro de 2011, estourou menos, mas está por aí. Sem indicação ao Oscar por Tom Jones, foi “justiçada” em 1969, quando foi indicada por A Noite dos Desesperados. Ainda viveu, por exemplo, a mãe do Super-Homem nos dois primeiros clássicos do herói, de 1978 e 1980, aqueles com o Christoffer Reever.

Bem… os motivos estão aí. Há inúmeros para ver As Aventuras de Tom Jones. Pegue o seu e assista.

As Aventuras de Tom Jones / Tom Jones

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Ficha técnica:

Direção: Tony Richardson
Produção: Tony Richardson, Michael Holden, Oscar Lewenstein e Michael Balcon
Roteiro: John Osborne
Elenco: Albert Finney, Susannah York, Hugh Griffith e Edith Evans
Género: Comédia
Ano: 1963

Categorias: Comédia

Sobre o Autor

Comentários

  1. Angélica Vilela
    Angélica Vilela 15 maio, 2011, 21:03

    Dormi no filme. Para quem ama filmes como eu, basta este comentário…

  2. Renata Santos
    Renata Santos 9 maio, 2011, 02:37

    Aqui sim fui convencida, vou ver e volto pra comentar depois.

  3. Danilo Vicente
    Danilo Vicente Author 2 maio, 2011, 21:31

    Renata, vai fundo. Vale, pelo menos, pela experiência.

  4. Renata Rogatto
    Renata Rogatto 2 maio, 2011, 19:11

    Gostei, vou ver!

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