Bingo – O Rei das Manhãs
Rating
Total
Já deixo claro de início: corra ao cinema para assistir a Bingo – O Rei das Manhãs!
Há muita gente comparando o filme a Tropa de Elite 2, dizendo que é o primeiro grande longa-metragem brasileiro desde a etapa final da saga do Capitão Nascimento. Talvez seja porque é a estréia na direção de Daniel Rezende, montador dos dois Tropa de Elite, além de Cidade de Deus, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar, e Robocop (de 2014). Ou pode ser só pela qualidade mesmo: Bingo é ótimo!
Claro que a percepção sobre um filme é sempre individual. Mas eu não me lembro de outro exemplar nacional tão bom quanto Tropa de Elite nos últimos anos. Portanto, sim, concordo com a análise que vem sendo feita. A semelhança é evidente na montagem, mérito, claro, de Daniel Rezende. Mas não só isso.
Bingo tem uma histórica fascinante, muito bem conduzida na tela. A obra é “redonda” (roteiro de Luiz Bolognesi), juntando um acontecimento no outro, sem forçar a barra, algumas vezes de maneira inesperada.
Bingo conta a história de Arlindo Barreto (no filme vira Augusto Mendes), o primeiro intérprete do palhaço Bozo (obrigado a ser Bingo na telona), sucesso dos Estados Unidos que chegou ao Brasil e estourou a boca do balão na década de 1980. Os donos da marca do palhaço não permitiram o uso do nome para a obra – por isso os nomes fictícios.
Arlindo/Augusto é um ator de pornochanchada que leva a sério seus papeis. Ao ter apenas uma fala na Novela das Oito, se concentra e dá o melhor de si. Ele quer vencer na carreira, honrar a história de sua mãe, atriz de sucesso no passado. E agarra com tudo a chance de ser Bingo, o que significa comandar um programa de quatro horas ao vivo.
Há cenas hilárias, como o teste de Augusto para o papel de Bingo. Ele, obviamente, passa (senão o filme não existiria), faz sucesso… e a fama traz junto a prisão à máscara (por contrato, ninguém podia saber quem era o homem por trás da fantasia) e uma escalada de cocaína, álcool e sexo.
O elenco está demais. Vladimir Brichta manda muito bem como Bingo. Mas há ainda Leandra leal, como a diretora do programa, Augusto Madeira, o operador de câmera que vira amigo de primeira hora, e Cauã Martins, o pequeno Gabriel Mendes, filho de Augusto, que começa a se sentir de escanteio com o sucesso do pai (que adora garoto, mas é cada vez mais vencido pelo sucesso).
Ainda há outros atores que completam o time de atuações de primeira. Ana Lucia Torre, que interpreta a mãe de Augusto, é cativante. E Emanuelle Araújo faz uma Gretchen sorridente que conquista. Aliás, Gretchen é o único nome verdadeiro que aparece na trama.
A trilha sonora de clássicos nacionais e estrangeiros dos anos 1980 completa a experiência. E atenção à participação especial do próprio Arlindo Barreto, com a fala “mas quem é esse cara?”.
Alô, criançada, o Bingo chegou! Trazendo alegria pra você e o vovô.
Bingo – O Rei das Manhãs
CLASSIFICAÇÃO: PARE TUDO E VÁ VER!
Ficha técnica:
Direção: Daniel Rezende
Ano: 2017
Duração: 113 min.
Gênero: Drama
Elenco: Vladimir Brichta, Leandra Leal, Augusto Madeira, Cauã Martins, Emanuelle Araújo, Ana Lucia Torre, Tainá Müller e Soren Hellerup
Roteiro: Luiz Bolognesi