Biutiful
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Está aí um grande filme. Biutiful tem a marca de seu diretor, Alejandro Iñárritu: denso, sofrido, com uma ótimo história, daquelas que podem estar no cotidiano mas raramente querem sequer ser pensadas, daquelas que não desejamos a uma pessoa.
Como em Babel e 21 Gramas (e, dizem, Amores Brutos, que não vi), Iñárritu enxerga a morte de uma maneira peculiar. Desta vez, apresenta Uxbal – Javier Bardem, em excepcional atuação –, um homem que ajuda os mortos a passar à “outra vida”. Em Barcelona, na Espanha, ele está separado da esposa e tem a guarda dos dois filhos – a ex-mulher, Marambra, é bipolar, viciada em álcool e promíscua. O filme não foca na mediunidade de Uxbal, o que o tornaria uma cópia de outras obras. O personagem principal é, sobretudo, alguém que dia a dia sobrevive. Isso inclui viver fora da lei mesmo sendo uma boa pessoa e lidar com um câncer de próstata em fase avançada e com a sua dor em ter que se despedir dessa vida sem saber como e com quem deixar seus filhos ainda pequenos.
Produção espanhola e mexicana, Biutiful não é de chorar. É de deixar ligado em cada cena. Desta vez, sem seu roteirista dos filmes anteriores (Guillermo Arriaga), Iñárritu para de cruzar histórias. Na verdade, quase para… dá menos espaços aos chineses e aos senegaleses, que negociam muamba com Uxbal, e à esposa e ao irmão dele, por exemplo. Estes personagens estão lá, mas o foco é em Uxbal – e na atuação soberba – e magra – de Barden (mais uma vez, agora indicado ao Oscar de Ator – o filme foi indicado a Filme Estrangeiro).
Com exceção do protagonista e de sua esposa e seu irmão no filme, todos os atores restantes eram amadores. Os contrabandistas chineses e senegaleses, os dois filhos de Uxbal… amadores que adicionam qualidade ao filme. No caso dos estrangeiros, eles viveram realmente de muambas na Espanha e, assim, colocam dramaticidade em cada cena.
Há mais: Iñárritu encaixa pequenas cenas, umas nas outras, que dão um segundo significado ao que vemos. O filho mais novo, por exemplo, tem semelhantes ações com o pai morto de Uxbal: cenas da coruja e do pedido de viagem à neve (assista e entenda).
Destaque para a atriz Diaryatou Daff, que interpreta a esposa de um dos africados contrabandistas. Até então amadora, a cabeleireira viveu um drama nas filmagens. Seu visto foi suspenso e ela teria de abandonar a Espanha, deixando para trás o sustento de dezenas (!!!) de parentes do Senegal. Mas ela já havia conseguido outra profissão – com o filme. Foi ao Senegal, adquiriu outro visto de trabalho e voltou para entrar de vez no filme e no seu desfecho.
Atenção: este deve ser para alguns o maior filme de suas vidas, não há dúvida. Comigo, não chegou a este patamar, mas foi para a galeria dos ótimos. Biutiful, como diria a filha de Uxbal.
Biutiful / Biutiful
CLASSIFICAÇÃO: DUCA
Ficha técnica:
Ano: 2010
Duração: 147 min.
Gênero: Drama
Direção: Alejandro González Iñárritu
Roteiro: Alejandro González Iñárritu, Armando Bo, Nicolás Giacobone
Elenco: Javier Bardem, Maricel Álvarez, Eduard Fernández, Cheikh Ndiaye, Diaryatou Daff e Cheng Tai Shen
Bem legal!! Javier é meu amor!!! rs
Todo mundo já sabe minha opinião sobre este rapaz. Só posso acrescentar que a melhor produção do Sr. Inárritu está no link abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=FgOOU0z_Pik
Veja, Renata. Vou atrás de Amores Brutos
A história parece ser bem legal. Vou ver. Olha o link para Amores Brutos: http://www.naoentendemascomenta.com/2010/11/amores-brutos.html