Cássia Eller
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Nunca fui fã de Cássia Eller, mesmo tendo acompanhado seu auge na carreira, nos anos 1990 e início dos 2000. Gosto de algumas músicas, só. Ontem assisti ao documentário Cássia Eller com essa visão. E se achei muito (mas muito) bom é porque realmente deve ser. Afinal, não tinha o olhar saudosista, nem buscava canções. O que valeu mesmo foi a história!
O principal do longa é não se resignar a contar fatos já conhecidos. Traz à tona fotos, vídeos e informações desconhecidos do grande público, nas vidas pessoal e profissional de Cássia, sempre importantes para construir o “todo” da história dela.
Sob direção de Paulo Henrique Fontenelle, aparecem na tela imagens históricas do início da carreira, em que atuou no teatro com Oswaldo Montenegro. O primeiro sucesso cantando Just a Gigolô, de David Lee Roth, ao lado de Marcelo Saback, no Teatro Nacional de Brasília, é imperdível! E muito mais.
O que dizer da história de Dave Grohl, do Nirvana e Foo Fighters, adorando a versão de Smell Like a Teen Spirit, clássico de sua banda original? Para logo em seguida ela invadir o palco do Rock in Rio e se jogar nele, parabenizando-o pelo aniversário.
São inúmeros os momentos emocionantes, mas não necessariamente tristes. Em 120 minutos, praticamente nada fica fora. O início em Brasília, as principais parcerias (musicais e amorosas), os grandes momentos da carreira e a morte.
O longa aborda de maneira crítica o tratamento da imprensa para seu falecimento, mas toma o cuidado de, logo em seguida aos depoimentos de amigos, mostrar o apoio de revistas e TVs à disputa na justiça para Maria Eugênia, sua companheira de vida, ganhar a guarda de Francisco, filho de Cássia.
Aí outro ponto de destaque do documentário. É cuidadoso o tratamento aos temas apresentados. Sem precisar explicitar isso, todos os lados são ouvidos, não há segredo inexplorado. E sempre de maneira tranquila.
As drogas e os casos extraconjugais acompanham a timidez excessiva da artista, que no palco se libertava e transformava. O filho Chicão aparece somente na parte final, assombrando o espectador com as semelhanças com a mãe. É igual! Seria fácil explorar seus depoimentos ao longo do filme, mas pouco acrescentariam, pois era muito pequeno quando Cássia morreu de infarto. E ele mesmo relata isso.
Sim, porque ela morreu de infarto, não de overdose, segundo o laudo médico. É mais um fato elucidado pelo filme.
Nando Reis, Zélia Duncan, Lan Lan e Oswaldo Montenegro são entrevistados. Há ainda depoimentos antigos, como de Angela Ro Ro, além de uma leitura de cartas pessoais na voz de Malu Mader. Maria Eugênia, a mãe de Cássia, o tio, uma irmã, o empresário, companheiros de banda. Os personagens do documentário são muitos e conseguem recriar na tela a importância da cantora, de maneira suave.
Fica a Cássia para a posteridade, não por causa do filme, claro. Mas o longa faz juz a sua importância.
Cássia Eller
CLASSIFICAÇÃO: PARE TUDO E VÁ VER!
Ficha técnica:
Direção: Paulo Henrique Fontenelle
Ano: 2015
Duração: 120 min.
Elenco: Cássia Eller, Nando Reis, Oswaldo Montenegro, Zélia Duncan e Lan Lan
Gênero: Documentário