Elefante Branco
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Ricardo Darín é “o cara” do cinema Argentino. Não que ele seja a única expressão artística do país vizinho, longe disso. Mas é inegável que o ator virou sinônimo de bons e ótimos filmes: O Segredo dos Seus Olhos, Nove Rainhas e Um Conto Chinês, por exemplo. Não à toa foi considerado recentemente a personalidade mais importante do entretenimento argentino da última década. Mas não só lá ele faz sucesso. Quem acompanha cinema aqui no Brasil sabe quem ele é. E isso não é pouca coisa. Elefante Branco é seu mais recente filme. Confesso que resolvi assistir com um pé atrás, pensando ser impossível ele acertar em todas escolhas. Pode até ser impossível, mas ele acertou de novo.
O nome do longa remete a um gigantesco prédio em Buenos Aires projetado nos anos 1920 para ser o maior hospital da América Latina, mas que se tornou uma imensa ocupação habitacional. Ricardo Darín e o ator belga Jérémie Renier interpretam Julián e Nicolás, dois padres no bairro periférico de Villa Lugano, onde o narcotráfico limita diariamente a vida da comunidade.
O melhor do filme é mostrar de maneira crua a periferia de Buenos Aires. Há cenas do tráfico, com tiros e mortes, mas há o dia a dia de pessoas que só querem melhorar de vida. E, claro, o trabalho da igreja católica, seja ele correto ou não. A crítica à igreja permeia o longa, seja no celibato obrigatório dos padres ou na falta de engajamento social. Gostaria muito de saber o se o papa Francisco assistiu ao filme, pois mostra-se tudo o que ele defende, mas também tudo o que a igreja não faz (ou não fazia).
Não há mocinhos e bandidos na obra. Todos têm defeitos, mesmo que pequenos, e precisam decidir o que fazer da vida. Elefante Branco apresenta variadas vertentes, que em muitos momentos colocam o trio principal em xeque-mate. Sim, além dos dois padres (o belga é o protagonista), há a assistente social Luciana (Martina Gusman) para fechar o grupo que se dispõe a não se conformar.
Os personagens jamais são apresentados como heróis. Eles falham. São, acima de tudo, humanos, como o próprio filme.
Ainda há no roteiro homenagem a Carlos Francisco Sergio Mugica Echagüe, o padre Carlos Mugica, que atuou em Villa Lugano até 1974, ao morrer assassinado a bala. A igreja argentina tenta que Roma o aceite como santo.
Há falhas no filme, como quando um padre aparece já sabendo do segredo do outro (não dá para abrir o jogo). E a sequencia de ação final não convence. Mas o todo convence.
Elefante Branco / Elefante Blanco
CLASSIFICAÇÃO: DUCA
Ficha técnica:
Ano: 2012
Duração: 110 min.
Gênero: Drama
Direção: Pablo Trapero
Roteiro: Alejandro Fadel, Martín Mauregui, Santiago Mitre e Pablo Trapero
Elenco: Ricardo Darín, Jérémie Renier, Martina Gusman, Pablo Gatti, Walter Jacob e Federico Barga