Entre os Muros da Escola

Entre os Muros da Escola

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Duca

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O filme é baseado no livro homônimo do professor François Bégaudeau, um francês que dá aula para alunos da sétima séria em um subúrbio de Paris. Isso eu só descobri hoje pela manhã, quando o Mr. Google me ajudou a tirar a dúvida sobre quão roteirizado é o filme. Explico: Entre os muros da escola corre em ritmo de documentário. Tem câmera, jeito e cara de vida real. Mas não é. O filme é misto. Tanto o professor quanto os alunos têm, no filme, os seus nomes verdadeiros, mas o único que interpreta a si mesmo é François.

O filme conta a rotina de uma sala de aula de uma escola suburbana, em Paris, que convive com a multiplicidade étnica de seus alunos, imigrantes ou descendentes de imigrantes, dos mais diversos países. E discute, além da grande lacuna que divide a realidade do professor e dos alunos, os espaços que dividem e aproximam os estudantes entre si.

Entre os muros da escola já começa com um embate, no primeiro dia de aula, entre os adolescentes e o professor. O filme é um retrato da França em seu desafio de lidar com os jovens descendentes de imigrantes, excluídos em subúrbios, sedentos por uma identidade pátria. A dicotomia quanto à identidade fica clara no discurso do aluno africano, proveniente de território comandado pela França, que sente-se tão africano quanto francês, mas é mal visto por isso.

Esse caldeirão de etnias parece uma bomba prestes a explodir (E explodiu! Quem não lembra dos carros incendiados por jovens imigrantes desempregados nos subúrbios franceses, há alguns anos?). Para lidar com a discriminação da qual é vítima, cada aluno tenta impor a sua cultura e visão sobre os outros em um processo que só gera mais discriminação. E o professor, como mediador, tenta despertar os estudantes para a importância de um diálogo que está longe de acontecer. O único ponto em comum a todos os alunos da turma parece ser o comportamento: perguntas desafiadoras, provocações, comportamentos desrespeitosos e indolência.

Apesar de longo, o filme tem um bom ritmo e prende o espectador. Sua força é a aposta no realismo. Desmitifica a imagem de contos de fada que temos da educação no primeiro mundo e mostra que as dificuldades enfrentadas na relação entre alunos e professores são universais. Só perde um pouco de sua força no final quando o diretor percebe que o filme precisa acabar. Aí inventa um fim para ele. Mas nada que comprometa o seu valor final. Ganhou a Palma de Ouro, em Cannes, e foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

CLASSIFICAÇÃO: DUCA

Ficha Técnica

Título Original: Entre les Murs.
Origem: França, 2008.
Direção: Laurent Cantet.
Roteiro: Laurent Cantet, François Bégaudeau e Robin Campillo, baseado em livro de François Bégaudeau.
Produção: Caroline Benjo, Carole Scotta, Barbara Letellier e Simon Arnal.
Fotografia: Pierre Milon, Catherine Pujol e Georgi Lazarevski.
Edição: Robin Campillo e Stéphanie Léger.

Categorias: Drama

Sobre o Autor

Comentários

  1. Danilo Vicente
    Danilo Vicente 24 novembro, 2009, 18:56

    Tô fora. Já vi dezenas de vezes na locadora, mas concordo com a Renata. Filme de escola quero passar longe!!!

  2. Renata Rogatto
    Renata Rogatto 24 novembro, 2009, 17:29

    Passarei bem longe de filmes com enredo de escola.

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