Gandhi
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Nesta quarentena forçada pelo coronavirus, quando houver um espaço de três horas para a cultura, se isso for possível em algum momento, deixe de lado o Instagram ou o Facebook e invista na Netflix. Especificamente, aposte em Gandhi, um espetáculo de história que, no mínimo, vai te contar algo essencial: por que Mohandas Karamchand Gandhi, o Mahatma (Grande Mestre, na tradução do indiano) Gandhi, entraria para o Panteão dos humanos, se isso existisse.
Lançado em 1982, o filme começa na África do Sul em 1893. Após ser expulso da primeira classe de um trem por, segundo os racistas da época, ter a pele escura, o jovem e idealista advogado indiano inicia um processo de avaliação da condição dos indianos, na época súditos da coroa britânica mas tratados como inferiores até mesmo dentro do reino. Pouco tempo depois, já na Índia, Gandhi atrai a atenção do mundo ao se colocar como líder da independência pregando manifestações enérgicas mas não-violentas.
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O diretor Richard Attenborough (que anos depois ficaria conhecido por ser o dono do Parque dos Dinossauros no filme icônico homônimo – na foto ao lado) imprime um ritmo em que Gandhi passa de um humano idealista a uma espécie de semi-deus, idolatrado e seguido por centenas de milhões. O valor histórico do que Gandhi comandou ganha destaque, com os ingleses sendo perfilados em uma derrota após a outra. “Nós comandamos”, diz Gandhi no filme. E ele tinha razão. Mais para o fim aparece a questão religiosa que até hoje impõe disputa entre Paquistão e Índia: muçulmanos contra hindus.
É interessante conhecer personagens como Muhammad Ali Jinnah, fundador do Paquistão que sempre esteve ao lado de Gandhi, mesmo que não concordando com sua posição pacífica. Índia e Paquistão nasceram da insistência de Gandhi… e do trabalho de seus aliados próximos, como Jinnah e Jawaharlal Nehru, o primeiro a comandar a Índia pós-colônia.
Nehru, aliás, tem uma cena marcante no longa, após ouvir em meio a protestos alguém pedindo a morte de Gandhi.
Outro personagem histórico que aparece, desta vez em confronto com Gandhi, é o general Jan Smuts, na África do Sul. Ele viria a ser primeiro ministro da então possessão inglesa e, em 1948, perderia a eleição para se manter no cargo ao não apoiar a segregação racial, o que infelizmente iniciaria o comando de africaners no país e, assim, o Apartheid.
Ben Kingsley interpreta Gandhi de maneira perfeita. Não à toa abocanhou o Oscar e o Globo de Ouro pelo trabalho. O filme ainda venceu o Oscar por Filme, Diretor, Roteiro Original, Direção de Arte, Fotografia, Figurino e Edição. Essas últimas categorias, mais técnicas, atestam outra fortaleza da obra. Logo de cara, em cena do funeral do líder, cerca de 300 mil figurantes aparecem na tela, até então o recorde segundo o Guiness World Records.
Uma curiosidade: Daniel Day-Lewis aparece rapidamente quando o filme está ainda na África do Sul. Vale a atenção para identificar o, na época, adolescente.
Um belo filme, nos mais diferentes sentidos de “belo”.
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Gandhi
CLASSIFICAÇÃO: PARE TUDO E VÁ VER!
Ficha técnica:
Duração: 190 min.
Gênero: Drama
Direção: Richard Attenborough
Elenco: Ben Kingsley, Edward Fox, Daniel Day-Lewis, Candice Bergen, John Mills, Ian Charleson, Athol Fugard e Martin Sheen