Golda – A Mulher de Uma Nação

Golda – A Mulher de Uma Nação

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Vale pela história, vale pela interpretação, vale pela lição. Uma líder pega de surpresa em ataques vindos de duas frentes. Um povo inteiro colocado em risco. Golda – A Mulher de Uma Nação, em cartaz nos cinemas, é uma edificante cinebiografia de Golda Meir, fundadora e ex-primeira-ministra de Israel.

Golda não é, nem foi, unanimidade. Teve de deixar de ser primeira-ministra em 1974 (dando lugar a Yitzhak Rabin), quatro anos antes de morrer. Mas este filme, dirigido pelo israelense Guy Nattiv e impecavelmente protagonizado pela inglesa Helen Mirren, traz uma dose de mitificação. Pudera: em meio a um tratamento secreto contra câncer e em um mundo cheio de homens no comando, esteve à frente do país “recém-nascido” na Guerra do Yom Kippur, em 1973, quando Israel foi simultaneamente invadido pela Síria e pelo Egito.

É este trecho que o filme foca. A morte aparece em diferentes formas, nunca com cenas de soldados no front. É um filme de guerra centrado na política e nas decisões da alta cúpula. A morte surge nas anotações da primeira-ministra em seu caderninho sobre quantos soldados vão perdendo a vida, nas imagens dela atravessando de maca um corredor de mortos para realizar seu tratamento de radioterapia, no desespero (em áudio original, em hebraico) de soldados sendo assassinados e no olhar triste de uma mãe, secretária na sede do governo de Golda, sem notícias de seu filho soldado.

Essa última porção traz a mais emocionante cena do filme, quando a secretária está diante de sua máquina de escrever e Golda à porta da sala.

O som do filme colabora para sua grandeza. É eloquente quanto necessário, silencioso quando “obrigatório”. Mas nada é mais importante do que a interpretação de Helen Mirren. Contestada por não ser judia, a atriz suscitou críticas e um debate tolo nas redes sociais, com gente querendo uma judia no papel. Besteira. Helen engrandeça a figura de Golda.

Irreconhecível sob camadas de próteses e maquiagem, com bochechas caídas e rugas profundas, a inglesa traz uma Golda sempre com um cigarro em mãos – sempre mesmo -, uma líder humana: contida, inteligente, séria e até insegura.

Golda não era perfeita, e sabia disso. Reconhecia ser melhor política do que estrategista em guerra, mas mostrou ser humilde. E, em um momento de crise aguda, confiou em sua maior qualidade profissional, a estratégia entre seus pares políticos.

São excelentes os diálogos entre Golda e o então secretário de Estado dos Estados Unidos, Henry Kissinger (Liev Schreiber). Da mesma forma acontece, ao fim do filme, quando a Golda real conversa com o então presidente do Egito, Anwar Sadat. Sim, em algumas cenas surge a Golda Meir verdadeira, com imagens recuperadas.

Cinco anos depois do fim do conflito, israelenses e árabes discutiram um acordo de paz. O Egito reconheceu a existência do Estado de Israel e retomou as relações diplomáticas com os israelenses. O país foi a primeira nação árabe a realizar tal reconhecimento e iniciar uma relação amistosa com o antigo inimigo.

Fica a vontade de assistir a uma biografia de Golda sobre toda a sua vida, não apenas durante a Guerra do Yom Kippur. Mérito de Golda – A Mulher de Uma Nação.

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Golda – A Mulher de Uma Nação / Golda

CLASSIFICAÇÃO: PARE TUDO E VÁ VER!

Ficha técnica:

Direção: Guy Nattiv

Elenco: Helen Mirren, Liev Schreiber, Camille Cottin, Ed Stoppard e Jaime Ray Newman

Ano: 2023

Duração: 100 min.

Gênero: Drama

Sobre o Autor

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