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Há filmes que se resumem à escolha certeira do elenco. Lucky, com seu protagonista Harry Dean Stanton, é assim. A mistura do ator de 91 anos e seu personagem de também 91 anos dá ao longa seu diferencial.
Não é somente uma jogada de publicidade. Lucky se apoia escancaradamente na persona pública de Harry Dean Stanton. Há uma mórbida similaridade entre criador e criatura ao confrontá-los com a morte ao entrar na 10ª década de vida. O fato de Stanton ter falecido no mesmo mês de lançamento de Lucky, aos 91 anos, amplifica essa sensação e torna o longa uma homenagem.
Lucky é um senhor que tem a vida tranquila. Diariamente se exercita, toma o café da manhã, caminha pela cidade, faz compras e vai ao bar. Até que sente, física e psicologicamente. Se seu semblante endurecido ressalta as dificuldades da vida, assim como a postura aponta um homem de personalidade forte, seu olhar revela a fragilidade da solidão, ampliada por incríveis cenas de conversas ao telefone, sem saber quem está do outro lado (ou se há alguém do outro lado).
Entretanto, nem só de Stanton e a ambientação em torno de si é feito Lucky. O diretor John Carroll Lynch, em sua primeira incursão atrás das câmeras, conta com a espirituosa participação de David Lynch (sem parentesco próximo entre eles) como ator.
Lucky é um filme sobre a iminência da morte. E um legado de Harry Dean Stanton ao cinema.
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Lucky
CLASSIFICAÇÃO: DUCA
Ficha técnica:
Direção: John Carroll Lynch
Elenco: Harry Dean Stanton, David Lynch e Ron Livingston
Ano: 2017
Duração: 88 min.
Gênero: Drama