O Legado Bourne

Rating
Total
Não sou a melhor pessoa para escrever sobre O Legado Bourne. Não assisti à trilogia inteira antes deste quarto filme da série. De Identidade Bourne, o primeiro, pulei para este. Mas mesmo assim vou dar um pitaco, pois, afinal, muita gente deve estar na mesma situação. O filme que usa o nome do protagonista sem tê-lo em cena não é dos melhores.
Pela primeira vez sem o diretor Paul Greengrass e o ator principal Matt Damon (Tony Gilroy, roteirista dos quatro longas, é agora também diretor), O Legado Bourne repete o nome do livro escrito por Eric Lustbade, que se inspirou na obra de Robert Ludlum, autor da trilogia original. No entanto, a história do filme é totalmente original.
O principal defeito do longa é, acredite, a falta de ação, algo incrível com o histórico da trilogia inicial. Com 135 minutos de duração, tem o 1/3 inicial, ou seja, uns 45 minutos, só de preparação para o que virá. Dá-lhe treinamento no gelo e reuniões secretas entre quatro paredes!
Não que depois o filme seja pura ação. Longe disso. Mas em comparação ao (enorme) início chato, as parcas cenas de perseguição, brigas e tiros são um alento. Ok, serei justo: há uma sequência de tirar o fôlego: quando o agente Aaron Cross e a bióloga Marta Shearing são perseguidos em uma moto. Essa vale e até melhora o filme, que aí se situa no gênero “ação”, mas já é lá pro fim da trama.
O tal Aaron Cross agora é o protagonista. Mas a sombra de Bourne está sempre à espreita. É seu legado. O antigo herói aparece em documentos, na televisão e em citações dos chefões. Nada mais – apesar de isso deixar claro que os produtores sonham com a volta dele em carne e osso.
Jeremy Renner (Guerra ao Terror e Os Vingadores, como Gavião Arqueiro) e é Aaron Cross. Manda bem. É o melhor do longa. Rachel Weisz vive a bióloga. Não complica. Agora, que desperdício é a atuação de Edward Norton. Ele é Eric Byer, o chefão da vez, ou seja, o cara que deseja matar Cross.
Byer não quer apenas Cross. Quer dar um “boot” em todo o sistema que Jason Bourne foi desmascarando em sua saga. Para isso, pretende matar todos que sabem algo, pelo menos os abaixo da “diretoria”. Mas o cara não sai do escritório! Qualquer um faria o papel de Norton – o que parecia bem diferente no trailer, que me deixou a impressão de Norton ser o protagonista.
Sim, ele deve ter mais ação no próximo, pois fica claro que haverá sequência. Com ou sem Matt Damon, que, aliás, disse no fim de 2012 (ao site Movieline), após convite para o quinto filme, que “não houve nenhum passo neste sentido (fazer mais um Bourne). Sempre estive aberto a retornar, desde que Paul Greengrass fosse o diretor. Entretanto, não creio que ele esteja disposto a trabalhar nisto”. Ele decidiu não mais interpretar Bourne enquanto o diretor Greengrass não voltar ao comando do projeto. Chegou a atacar o roteiro de Tony Gilroy, dizendo que era ilegível e constrangedor (apesar disso, chegou a dar dicas para Jeremy Renner sobre atuar na franquia).
Damon tem certa razão. Eu não gostei desta historia futurista de tudo se resumir a pílulas. Mas, como escrevi no começo deste texto, não acompanhei A Supremacia Bourne e O Ultimato Bourne, o segundo e o terceiro filmes. Gostava mais da “naturalidade” das coisas. Agora vou atrás do 2 e do 3 para saber se me decepciono com a saga toda ou se este quarto filme é uma “escapada”.
O Legado Bourne / The Bourne Legacy
CLASSIFICAÇÃO: ATÉ VALE O INGRESSO
Ficha técnica:
Ano: 2012
Gênero: Ação
Direção: Tony Gilroy
Roteiro: Tony Gilroy
Elenco: Jeremy Renner, Rachel Weisz, Edward Norton, Albert Finney, Joan Allen Scott Glenn, Stacy Keach e Donna Murphy