Os Náufragos do Louca Esperança

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O Não Entende Mas Comenta é o primeiro blog do mundo a trazer uma opinião sobre Os Náufragos do Louca Esperança. Está achando muita coisa? Até pode ser, mas não poderíamos perder a oportunidade de escrever isso! Fomos à estreia mundial do filme, na 37ª Internacional de Cinema de São Paulo. Está aprovado!

Ariane Mnouchkine é uma mais respeitadas diretoras de teatro e cinema do mundo. Fundadora do coletivo Théâtre du Soleil, a francesa foi trazida a São Paulo pelo Sesc em 28 de outubro para estreia de seu filme. Ariane o construiu a partir de peça de teatro homônima de sua autoria.

Os Náufragos do Louca Esperança é uma homenagem à literatura, ao cinema, ao teatro e à música. Narra a história de cineastas que em 1914, às vésperas da Primeira Guerra Mundial, se reúnem no sótão de um cabaré – o Louca Esperança – para gravar um filme sobre a saga de emigrantes que deixam o País de Gales rumo à Austrália: eles encalham na região da Patagônia, onde tentam criar uma comunidade socialista.

A trama é inspirada em Os Náufragos de Jonathan, livro inacabado que Júlio Verne deixou ao morrer, completado por seu filho. São duas histórias paralelas: os atores que gravam o filme passam por peripécias para finalizá-lo; e, no longa que está sendo gravado, o desafio é sobreviver. É muito boa a sacada de colocar a segunda história como cinema mudo.

Ariane discute o humanismo. Em algum momento chega a descambar para uma ode ao socialismo, mas no final puxa o freio de mão e indica que a ganância do homem pode ser maior que a formação de um conjunto. “Pode”, mas não necessariamente “é”. Há uma luz no fim do túnel, uma esperança.

No teatro, a história esteve em São Paulo em outubro de 2011, no Sesc Belenzinho, com a presença de Ariane. À época, os ingressos esgotaram quase que imediatamente à abertura de vendas. Logo após a estreia no cinema, ela contou que foram 11 meses para ensaiar a peça, mas a gravação para o cinema durou 18 meses. “O grande segredo do cinema é onde colocar a câmera. É o mais difícil”, disse a diretora.

A gravação foi realizada na Cartoucherie, sede do Théâtre du Soleil. O mesmo roteiro do teatro foi adaptado ao cinema, com o acréscimo de cinco personagens, totalizando 35. Entre eles estão três crianças, que Arieane gostaria de ter colocado no teatro, mas não conseguiu encontrar como. Com eles, os espectadores podem acompanhar o enredo como se estivessem no porão do cabaré onde a cena se desenvolve, seguindo a mudança de cenários e caracterização dos atores. A homenagem à literatura está com elas.

Um filme um tanto mais curto seria ideal, pois as três horas e meia cansam um pouco. Há uma certa repetição do trio mar, neve e desgraça. E o acompanhamento de personagens fica prejudicado pelo surgimento de tanta gente em tela. Diferentemente do teatro, só é possível identificar a história completa de alguns personagens ao ler o livro distribuído pelo Sesc para acompanhar a sessão.

Ariane Mnouchkine já foi indicada ao Oscar pelo filme “O Homem do Rio” (1965), à Palma de Ouro por “Moliére” (1978) e duas vezes ao César, também por “Moliére” (1979). Em 2000 venceu o grande prêmio do festival SACD, realizado na França. Ela pode se preparar para ser mais laureada.



Os Náufragos do Louca Esperança / Les Naufragés du Fol Espoir 


CLASSIFICAÇÃO: DUCA 


Ficha técnica: 
Direção: Ariane Mnouchkine
Ano: 2013
Duração: 187 min.
Elenco: Eve Doe-Bruce, Juliana Carneiro da Cunha, Astrid Grant, Olivia Corsin, Jean-Jacques Lemêtre, Maurice Durozier, Duccio Bellugi-Vannuccini, Serge Nicolaï e Sébastien Brottet-Michel

Categorias: Drama

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