A Ponte

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Duca

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As imagens enganam. Prepare-se para um documentário chocante, onde dezenas de corpos despencam da famosa Golden Gate, em São Francisco, como sacos de batata. Amo o gênero, mas adianto que A Ponte é perturbador, frio e pesado.As imagens foram captadas graças a um trabalho de disciplina espartana: foram 365 dias de filmagem ao longo de todo o ano de 2004. Câmeras foram espalhadas por diversos ângulos do entorno de uma das mais famosas pontes do mundo e durante 24 horas por dia a equipe de filmagem permaneceu ali, esperando alguém se jogar.Sim, a ideia por si já é bastante perturbadora e depois de assistir ao documentário, descobri que sua estréia foi polêmica. O diretor, Eric Steel, foi acusado de omissão. Segundo alguns críticos, ele poderia ter evitado alguns dos suicídios. Ele, no entanto, afirmou à época que tentou alertar as autoridades, porém nenhuma atitude foi tomada.Durante as gravações, Steel permaneceu com um rádio e com ele avisava as autoridades assim que as quedas aconteciam. As opiniões se dividem entre aqueles que consideram A Ponte uma obra de sensacionalismo exacerbado e desnecessário, e os que atribuem ao filme um valor significativo, um documentário sobre o comportamento humano e um alerta à saúde pública.O fato é que de lá para cá nada foi feito para evitar o enorme número de suicídios no local. Não há grades ou vigilância e o número de mortes continua sendo assustador: mais de 2 mil pessoas já escolheram a Golden Gate para colocar fim a própria vida.Nem todos os suicidas eram moradores de São Francisco. Há quem tenha escolhido o local e viajado até lá só para cometer suicídio. A ponte é considerada uma das Sete Maravilhas do Mundo que eu, particularmente, depois de assistir ao documentário, visitarei com um olhar triste, pra dizer o mínimo.Foram registradas 24 quedas, mas o documentário não traz à tona somente as imagens dos suicídios, mas o que é ainda mais impressionante: depoimentos de amigos, parentes e até de pessoas que estavam passando pelo local no momento das quedas.Impressões de quem viu o último olhar e até sorriu para alguém que segundos depois decidiu, por total desespero, se matar. A última ligação, despedidas. Histórias impressionantes de gente comum que não aguentou a pressão e o descontrole passou a falar mais alto.Os motivos são vários e, em alguns casos, aparentemente nenhum. A Ponte não dá respostas e, tampouco, tem esse papel. Mostra apenas o sofrimento de quem fica, grande parte das vezes sem entender o motivo de quem partiu, e os momentos finais de quem simplesmente pulou.Todas as cenas são impressionantes e cheguei a ter de reprisar algumas imagens. Menos por sadismo e mais por inconformismo mesmo. Fica difícil acreditar que o barulho que surge sem aviso em meio a uma paisagem tão linda seja uma vida que tenha chegado ao fim. Sete segundos. Esse é o tempo médio que as pessoas que saltam da Golden Gate levam até atingir o mar. E morrer.Ou não. Entre as quedas registradas por Steel, uma sem dúvida ganha destaque absoluto. Trata-se do garoto, vítima de transtorno bipolar, que pulou, mas se arrependeu no momento em que seus pés se distanciaram do chão. “Me arrependi e naquele momento descobri que queria viver”, confessa ele no vídeo.Na tentativa de sobreviver, ele arriscou e conseguiu cair de pé. Sobreviveu com poucos ferimentos e atribuiu o milagre a uma foca que, segundo ele, impulsionou seu corpo para a superfície, evitando que ele morresse afogado.Histórias não faltam. E adianto que, mesmo a do garoto, não termina sem feridas profundas. Portanto, não espere um final feliz.Desafiei o dia mundial da depressão e encarei A Ponte na madrugada de domingo pra segunda. Não fui dormir sorrindo, mas como podem perceber, não virei manchete. O que fica mesmo é uma sensação de impotência diante de uma tristeza que reflete o que até hoje a medicina não conseguiu desvendar: os mistérios do cérebro humano. Viver para alguns é mesmo pesado demais. Recomendo. A vida e o filme.A Ponte/The BridgeCLASSIFICAÇÃO: DUCAFicha Técnica:Título Original: The BridgeLançamento: 2006 (Inglaterra)Direção: Eric SteelDuração: 93 minutosGênero: Documentário

Categorias: Documentário
Tags: A Ponte

Sobre o Autor

Comentários

  1. Danilo Vicente
    Danilo Vicente 17 agosto, 2010, 11:57

    Por mim, pode trocar.

    Eu já tinha escrito sobre este filme!!!!rs

    http://naoentendemascomenta.blogspot.com/2009/11/ponte.html

  2. Flavia Braz
    Flavia Braz Author 17 agosto, 2010, 03:23

    Comento, mas não sobre o filme. Acho que precisamos alterar a cor da fonte. Não sei se é meu monitor, mas só de ler algumas linhas as letras já começam a embaralhar por conta do contraste do branco com preto. Já haviam me dito que fonte branca no fundo preto é problema, mas não me incomodava tanto. Agora tá demais. Vamos pensar nisso?

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