Rashomon
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Rashomon é um clássico do cinema. Japonês, o filme é costumeiramente credenciado como o introdutor de Akira Kurosawa no ocidente. É referência para uma lista imensa de títulos cinematográficos e televisivos. Recebeu um Oscar Honorário de Melhor Filme Estrangeiro, em 1952 (antes de 1956 o prêmio não tinha a categoria voltada a estrangeiros, mas oferecia troféus honorários a destaques do ano). Mas, com tudo isso, não gostei.
Baseado em dois contos de Ryūnosuke Akutagawa (“Rashomon” fornece a ambientação, enquanto “Yabu no Naka” determina os personagens e a trama), o longa tem uma estrutura não-convencional que sugere a impossibilidade de obter a verdade sobre um fato quando há distintos pontos de vista.
Estamos, claro, no Japão, século 11. Durante uma tempestade, um lenhador (Takashi Shimura), um sacerdote (Minoru Chiaki) e um camponês (Kichijiro Ueda) procuram refúgio no Portão de Rashomon. Dois deles estão estupefatos. O terceiro pede que contem o que houve.
O sacerdote passa, então, a detalhar um julgamento que testemunhou, envolvendo o estupro de Masako (Machiko Kyô) e o assassinato do marido dela, o samurai Takehiro (Masayuki Mori). Em flashback é mostrado o julgamento do bandido Tajomaru (Toshirô Mifune). Há quatro testemunhos, inclusive de Takehiro por meio de um médium. Cada versão difere da outra.
Os duelos entre o bandido e o samurai são ridículos. Parecem comédia, mal ensaiados. Esse é o ápice da tosquice, mas assim vai o longa todo.
Antes do lançamento, o filme foi criticado negativamente em seu país. Segundo os entendidos, falhou ao “visualizar o estilo das histórias originais”, sendo “muito complicado”, “muito monótono” e contendo “muitas desgraças”. Depois do sucesso, os críticos japoneses ficaram desconsertados.
Mas desta vez concordo com os críticos. É monótono demais. E acrescento: a história não cola. O tal samurai é um banana. Sua esposa, uma maldita. O bandido, bem, este é uma desgraceira só. E até sacerdote, que narra o caso, erra.
A mensagem que fica é essa. A humanidade é má… mas no fim (assista) há esperança. E, claro, os pontos de vista sobre um fato são diferentes de acordo com o interlocutor. Uma ótima ideia (o termo Rashomon virou até sinônimo de versões diferentes de acordo com quem conta o fato), mas mal realizada.
A época da filmagem, 1950, era outra, é verdade. Os japoneses, segundo documentários sobre Kurosawa, teriam ficado horrorizados com duas passagens do filme: quando um médium “recebe” o samurai morto e quando a mulher implora ao assaltante para matar seu marido. Sinais dos tempos. Mas nada que melhore a avaliação.
Obs: a obra foi refilmada quatro vezes: Rashomon (1960), Rashomon (1961), Quatro Confissões
(1964) e Labirinto do Crime (1991).
Rashomon
CLASSIFICAÇÃO: ESPERE A SESSÃO DA TARDE
Ficha técnica:
Direção: Akira Kurosawa
Roteiro: Akira Kurosawa, baseado em contos de Ryunosuke Akutagawa
Duração: 88 min.
Elenco: Toshirô Mifune, Masayuki Mori, Machiko Kyô, Takashi Shimura, Chiaki Minoru e Daisuke Katô
Gênero: Drama