Therese D.

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Em 1962 surgiu o primeiro Thérèse Desqueyroux. Baseado na obra do prêmio Nobel de literatura François Mauriac, de 1927, o filme segue a mesma estrutura do livro, partindo da absolvição da protagonista da tentativa de um crime. No caminho dela para casa tenta-se responder o que transformara aquela mulher rica e inteligente em uma bandida. Agora, Therese D. (o mesmo Thérèse Desqueyroux no original francês), de 2012, opta por ter um enredo linear, não de lembranças. Ganha, assim, um começo interessante. Mas ao longo dos minutos fica cansativo.

Este é o último trabalho de Claude Miller (Um Segredo em Família, A Pequena Lili, Ladra e Sedutora, entre outros), que escreveu o roteiro e o rodou no segundo semestre de 2011 (em menos de um mês), mas morreu em 4 de abril de 2012. Miller cativou ao longo dos anos muitos fãs e recebeu indicações e prêmios, principalmente, no circuito europeu de festivais.

Audrey Tautou é, na França dos anos 1920, Therese, uma mulher culta, pensativa, questionadora, mas ao mesmo tempo presa aos “contratos sociais” da época. A amizade (quase irmandade) entre ela e Anne (Anaïs Demoustier) chega a insinuar amor. Mas, avança-se no tempo, diz ela a Bernard (Gilles Lellouche), irmão da amiga: “vou casar com você pelos pinheiros”, concretizando uma relação arranjada desde a infância.

Obrigada a conviver com os valores daqueles que ela chama de “implacável raça dos simples”, Therese sofre com acontecimentos periféricos minam suas forças, definhando seu corpo e sua sanidade. Mas ela é à frente de seu tempo? Por que se apega a valores mais do que tradicionais? Quem realmente é moderna, ela ou sua amiga? É, enfim, do bem ou do mal?

Parece até uma boa história, não? Mas o roteiro se perde. Se de cara apresenta uma protagonista enigmática, interessante, em seguida esmaece. Cria-se expectativa, mas ela escorre bueiro abaixo.

E o marido lerdo? Ok, aí não é culpa do roteiro, mas, imagino, do livro (que não li). O “machão” se apequena para Therese e aceita como um cordeirinho o que ela apronta. É demais, mesmo em vista de uma vingança (dele). Dá até raiva ele ser tão bobo.

Audrey Tautou é talentosa. Provou isso nos ótimos O Fabuloso Destino de Amélie Poulain e Coco Antes de Chanel (também em Uma Doce Mentira e A Delicadeza do Amor). Mas neste está com caretas o tempo todo. Não é seu melhor longa.

Therese D. / Thérèse Desqueyroux 


CLASSIFICAÇÃO: ATÉ VALE O INGRESSO 


Ficha técnica: 
Ano: 2012
Duração: 110 min.
Gênero: Drama
Direção: Claude Miller
Roteiro: Claude Miller e Natalie Carter, baseado em livro de François Mauriac
Elenco: Audrey Tautou, Gilles Lellouche e Anaïs Demoustier

Categorias: Drama
Tags: Therese D.

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