Trainspotting – Sem Limites

Trainspotting – Sem Limites

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“O filme mostra uso de heroína, resultando em depravação, linguagem suja, sexo, nudez e alguma violência”. O alerta do departamento de classificação de filmes nos Estados Unidos, de 1996, acerta na mosca. Trainspotting – Sem Limites é tudo isso. Mas não necessariamente “depravação, linguagem suja, sexo, nudez e alguma violência” são negativos. 
Quase 20 anos depois do lançamento, assistir a Trainspotting em 2015 é diferente de vê-lo em 1996. O “politicamente correto” é outro, ainda que haja deputados religiosos querendo tudo proibir.

Trainspotting é baseado no livro homônimo do escocês Irvine Welsh, um retrato dos 1980 que ressalta o direito de escolher. “Escolher a vida, um emprego, uma carreira. Escolher uma televisão de muitas polegadas, o futuro, a comida barata em uma casa miserável” são as duas primeiras frases do filme, com o personagem Renton (vivido por um Ewan McGregor novinho), o alter ego de Welsh. 

Optar pelo vício em heroína, outra escolha da juventude que o filme passa logo a explorar. Renton e seus colegas (não se pode dizer que sejam amigos) Spud, Sick Boy, Diane e Tommy, companheiros de vício, têm apenas uma preocupação: viver o dia. É a escolha deles.

Proibido aqui e ali em 1996 e nos anos seguintes (no Brasil houve tentativas em nome da “moralidade”), Trainspotting incomoda menos agora. As cenas clássicas, ótimas, continuam clássicas, como a da privada ou a da morte do bebê. E a abstinência de Renton é quase sentida do outro lado da tela. Porém, falta o “susto” que 20 anos deixam mais brando.

O escritor Welsh (que depois traria a continuação e o prólogo de Trainspotting em mais dois livros) virou celebridade, primeiramente por causa da adaptação de sua obra no teatro e depois com o filme. Danny Boyle, o diretor, se consolidou. Após o ótimo Cova Rasa, mais uma vez ele seria direto no retrato da juventude que em algum momento se perde. 
A crítica ao longa sempre foi de uma suposta apologia às drogas. Nada disso. Já pelo título: o termo “trainspotting” significa em inglês um hobby, um passatempo aparentemente sem muito sentido que consiste em ver trens. Usa-se o verbo “to spot” no sentido de “ver”. Spotting trains = vendo trens, ou trainspotting. Nas palavras de Welsh, “trainspotting é uma atividade fútil. Exatamente como é o uso de drogas”.

Como a rotina dos personagens em uma Edimburgo vista do chão pode incentivar algo? Trainspotting pode até dar gás à rebeldia. Mas que mal há nisso?

Trainspotting – Sem Limites / Trainspotting 


CLASSIFICAÇÃO: VALE O INGRESSO 


Ficha técnica: 
Ano: 1996
Direção: Danny Boyle
Elenco: Ewan McGregor, Ewen Bremner, Robert Carlyle,
Ewen Bremner e Kelly Macdonald
Duração: 94 min.
Gênero: Drama
Roteiro: John Hodge


Categorias: Drama

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