Abutres
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Do nada, peguei na TV um filme de Ricardo Darín que ainda não conhecia: Abutres. É mais um espetáculo de cinema com o mais famoso ator contemporâneo da América Latina.
Além de obter enorme sucesso em seu país em 2010, quando foi lançado, Abutres levou o congresso da Argentina a discutir mudanças na legislação de seguros para acidentes automotivos. O filme denuncia abertamente uma máfia que ganha dinheiro de seguros por acidentes, digamos, não tão acidentais.
A história é sobre um advogado expulso da ordem de advogados portenha. Resta-lhe seguir acidentes com carros e, ainda no hospital onde a vítima é atendida, abordar a família com a tentação de ganhar uma bolada ao processar o causador do infortúnio. O apelido “abutre” cabe bem.
Para saber dos acidentes, o advogado e seus colegas (há uma máfia de advogados dedicados a isso) subornam motoristas de ambulâncias. E a linha para passar a forjar acidentes é tênue.
Abutres é um longa tão perturbador quanto comovente. É assustador acompanhar até onde as pessoas se auto-abusam em nome do dinheiro. A realidade de hospitais (tanto lá quanto cá no Brasil) é de indignar e o espectador se pega até entendendo o sistema fraudulento montado para arrecadar um trocado a mais.
Afinal, até o ponto de forjar acidentes, os abutres nada mais fazem do que entrar na justiça para defender vítimas de acidentes, recebendo um percentual da causa.
Darín está acompanhado de Martina Gusman, que interpreta Luján, uma paramédica (como do Samu aqui no Brasil). Ela e Sosa (Darín) se encontram por acaso, durante uma ocorrência na qual ele diz ser amigo da vítima. À medida em que os dois personagens se envolvem amorosamente, surge um dilema moral para ele.
É um filme direto, que não poupa cenas da falência humana, seja na falta de amparo a vítimas ou seja na moral de quem é corrupto.
Abutres / Carancho
CLASSIFICAÇÃO: PARE TUDO E VÁ VER!
Ficha técnica:
Direção: Pablo Trapero
Elenco: Ricardo Darín, Martina Gusman e Carlos Weber
Ano: 2010
Gênero: Drama
Duração: 127 min.
