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Desde que ‘Amor’ terminou, uma sensação que desconheçopermanece comigo. Não é angústia, não é
tristeza. É algo que não sei o nome. Aquela sensação que só um filme tão bom,
que te faz pensar sobre ele dias a fio, pode despertar. A sensação de que a sua
vida se moveu um milímetro a partir daquilo. Acho que arte é isso.
Não preciso dizer que chorei litros. Um choro permanente,
ininterrupto, silencioso, contido. Um choro de ansiedade ao olhar na tela e me
ver no futuro. Ou de me imaginar no futuro. Na pele de qualquer um dos
personagens. Não saberia sequer escolher qual o papel mais difícil.
Georges e Anne têm lá seus oitenta anos. Cultos, ativos,
foram professores de música no passado e mantêm os hábitos dos concertos, da
leitura, da cultura. Até que ela adoece e ele tem o seu amor testado. E o que é
o amor, se não o cuidado irrestrito, a dedicação total, a devoção completa? Ele
cuida e a acompanha ao longo de sua doença.
É um filme claustrofóbico,
que se passa devagar, dentro de um apartamento, onde acompanhamos de perto a
luta diária, a batalha desse homem em busca de um último suspiro de dignidade
ao seu grande amor. E ‘Amor’ é grande, como o amor de Georges por Anne.
Amor / Amour
CLASSIFICAÇÃO: PARE TUDO E VÁ VER
FICHA TÉCNICA
Diretor: Michael Haneke
Elenco: Emmanuelle Riva, Jean-Louis Trintignant, Isabelle Huppert, Alexandre Tharaud
Produção: Stefan Arndt, Margaret Ménégoz
Roteiro: Michael Haneke
Fotografia: Darius Khondji
Duração: 127 min.
Ano: 2012
País: França, Alemanha, Áustria
Gênero: Drama
Agora vi. É um baita filme mesmo. Não achei que é um filme de choro, se existe esta categoria. Mas é bem tenso e, claro, triste.
“último suspiro de dignidade ao seu grande amor”, perfeito isso! Texto lindo e profundo, exatamente como o filme. ‘Amor’ é assim, sufocante, uma história linda de amor, que prova o quanto é importante uma relação de entrega e dedicação. Uma relação sem egoísmo, cúmplice, intacta e permanente, com o melhor que se tem desse sentimento: a pureza.
É tenso, mas é lindo! Espero que goste. 🙂
Caramba, fiquei a fim de ver! Que texto apaixonado!