Família Rodante
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Doze integrantes de uma família em uma viagem, de trailer, pelo interior da Argentina. Ao longo dos 1.200 km que as separam do seu destino, as quatro gerações da “Família Rodante” irão se degladiar para chegar ilesas ao fim da jornada. E quem tem família (e como eu, já tentou viajar de carro com ela) vai adorar olhar de fora para aquele pesadelo com a segurança de não ver resvalar em si nenhum fragmento daqueles conflitos.
O roteiro é simples. Nenhuma reviravolta, nenhuma grande surpresa. E os atores estão tão bem em seus papéis que o espectador tem a certeza de que não há ali qualquer atuação. Os personagens também não são os mais complexos. São pais, mães, filhos, tias, avós, enfim, pessoas comuns como as que encontramos em qualquer fila de padaria. Vivendo situações tão corriqueiras que seriam possíveis nas salas de qualquer família de classe média. E sobre a cabeça de todos as velhas convenções sociais que nos levam a manter a família unida e os sorrisos nos rostos, mesmo quando a vontade é de partir ao meio a pessoa que está ao seu lado.
O filme é bonito. Longas cenas na estrada, com música em BG, se revezam com closes agudos. Algumas cenas poderiam ser impressas e figurar em uma mostra fotográfica. Mas o objetivo do diretor não é a beleza estética, mas evidenciar os elementos disformes nos personagens e situações. As roupas largadas, o suor, a gordura, cenas no banheiro, o pouco espaço compartilhado pelos familiares, são mostrados tão de perto que em determinados momentos você parece compartilhar daquela viagem.
Gostei, principalmente, porque não é pretensioso. É cotidiano, corriqueiro, divertido, incomoda na medida certa, causa um certo desespero de imaginar o motivo pelo qual as pessoas se colocaram naquela situação, e deixa no ar uma sensação muito real da tensão que permeia a relação daqueles familiares. Melhor ainda é que, no final, é só desligar o DVD e manter aquela distância segura da sua própria família, que tudo volta ao normal.
Ficha técnica:
CLASSIFICAÇÃO: DUCA
Família Rodante
Argentina/Espanha/ Inglaterra/Brasil, 2004
Comédia/Drama, 98 min
Direção e roteiro: Pablo Trapero
Elenco: Liliana Capurro, Graciana Chironi, Ruth Dobel, Federico Esquerro, Bernardo Forteza, Laura Glave, Leila Gomez, Nicolás López, Sol Ocampo, Marianela Pedano, Carlos Resta, Raul Viñona
Danilo, é parecido sim. Diria que é um Miss Sunshine Latino. Só que o filme americano é melhor. O que não tira o mérito desse, já que o Pequena Miss Sunshine aparece fácil na minha lista de melhores filmes.
Sei não…nenhuma reviravolta, nenhuma grande surpresa, os personagens não são complexos…parece Sessão das Tarde.
Ainda não vi, mas seu texto lembrou-se Pequena Miss Sunshine, ainda mais por ser comédia. Se for parecido, vale a pena.
É?
Filme rodante me lembra o peão da casa própria…