Dzi Croquettes
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Amantes do cinema brasileiro, deliciai-vos. Amantes dos documentários, o mesmo. Do cinema de qualidade, igual. Está aqui um grande filme. Dzi Croquettes conta a história do grupo teatral que influenciou grande parte da cultura brasileira, dos 13 homens que até hoje estavam no esquecimento de quase todo mundo e são “resgatados” brilhantemente por esta obra.
Dirigido por Raphael Alvarez e Tatiana Issa, o filme é, antes de tudo, uma busca à memória do teatro e do espataculo nacionais. Mas também é uma viagem sentimental. O pai de Tatiana, Américo Issa, foi cenógrafo do grupo por quatro anos. Ela usa suas lembranças, de uma menina que sentava no escuro do teatro para ver os ensaios, mas avança com um material de incrível valor, especialmente os vídeos de uma equipe alemã que gravou o Dzi Croquettes em Paris.
Sim, para quem não conhece a trupe (eu não conhecia, confesso), trata-se de uma referência para artistas do calibre de, por exemplo, Marilia Pêra, Pedro Cardoso, Ney Matogrosso, Pedro Cardoso, Claudia Raia, Gilberto Gil, Miguel Falabella, as moças das Frenéticas (cópias do Dzi), Nelson Motta, Miele e, atenção, Liza Minelli, todos com depoimentos fortes e muitas vezes emocionados sobre o time. Dzi não parou no Brasil. Foi à Europa e estourou.
Sim, você não leu errado: os 13 são referência para “a” Liza Minelli, que não tem dúvida em dizer que Lennie Dale, um dos “cabeças” do grupo, foi o maior dançarino que já viu (!!!!). Foi ela quem salvou o Dzi em Paris, levando amigos vips ao teatro até então vazio e, assim, tornando-o a coqueluche da cidade.
Sabe o que Ney Matogrosso fez e faz até hoje? É puro Dzi Croquettes. Eles eram dançarinos e atores andrógenos, assexuados no palco, homens vestidos de mulheres em plena ditadura, nos anos 1970. Formavam o grupo do rompimento, da mudança, da quebra de padrão, não só no Brasil, também na França. Aliás, para matar a curiosidade: o nome vem de croquete mesmo, do bolinho de carne. Os houmanos são feitos de carne, não? Dzi é uma corruptela para o americado “the”, e o duplo “t” no “Croquettes” é… uma frescura das boas.
O único ponto no filme que me incomodou foi Tatiana Issa “puxar a sardinha” para seu pai. Mas tudo bem, afinal ela é quem foi atrás do projeto e o realizou. Tem o “direito”. Orçamento quase zero e um resultado espantoso, comovente e de grande importância histórica. Sim, é possível fazer cinema desta forma. A prova é este filme.
Dzi Croquettes
CLASSIFICAÇÃO: DUCA
Ficha técnica:
Direção: Tatiana Issa e Raphael Alvarez
Roteiro: Tatiana Issa
Gênero: Documentário
Duração: 110 min.
Ano: 2009
É muito bacana mesmo. Realmente precisa assistir, Renata. Eu vi no Canal Brasil, no sabadão. Deve passar de novo.
Marido também adorou e fala que eu tenho que assistir.
Adorei o documentário.
Pura emoção.