Ed Wood

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Tim Burton e Johnny Depp revivendo o pior diretor de todos os tempos. Só pode resultar em filme bom. Bom, não. O ótimo Ed Wood.
Toda em preto e branco (como os filmes da primeira metade do século passado), a obra conta a trajetória de, claro, Ed Wood, diretor, produtor e ator de filmes de terror, ficção científica e erotismo nas décadas de 1940, 50, 60 e 70. O homem fazia tudo em suas produções, hoje consideradas filmes “b” ou cult.
Na história contada pelo diretor Tim Burton, de 1994, surgem as relações pessoais e a “loucura” de Wood para conseguir financiamentos e filmar. O bacana do roteiro é “remontar” a trajetória de Wood como em um filme dele. O espectador tem a impressão de assistir a um filme b, exatamente como Wood fazia, mas com o toque genial de Burton.
Edward Davis Wood Junior foi “eleito” o pior diretor da história dois anos após sua morte (em uma daquelas escolhas que não se sabe quem definiu), ocorrida em 1978. Com efeitos especiais um tanto duvidosos, dirigia cenas apresentadas de forma descontínua, com reaproveitamento constante de material não utilizado em outras filmagens. Sabe aquelas cenas que simulam disco voador com um prato preso a uma linha e uma vara de pescar? Exatamente isso.
Também não gostava de filmar duas vezes. Se havia erro na cena, ok, sem problema. Mas era corajoso. Em um de seus filmes, Glen ou Glenda, conta a história de um homem que gosta de se vestir de mulher. Hoje o assunto – o chamado crossdresser – ganha até debates. Mas imagine em 1953.
Wood foi responsável pelos últimos filmes de Bela Lugosi (o célebre intérprete do conde Drácula), de quem o diretor era grande admirador. Bela, como Wood o chamava, é o segundo personagem mais importante do filme de Burton, soberbamente vivido por Martin Landau. Sua interpretação, inclusive, rendeu o Oscar e o Globo de Ouro de Ator Coadjuvante em 1995 (o filme ainda abocanhou Maquiagem no Oscar).
A produção de maior sucesso de Wood foi lançada em 1956: Plano 9 do Espaço Sideral. Bela Lugosi já havia morrido, mas uma cena deixada por ele fez a fama da obra. Só há uma cena com ele. No restante há um quiropraxista semelhante ao ator, proibido de mostrar o rosto todo nas cenas. Plano 9 ganha bastante espaço no filme de Tim Burton. Muitos adoradores do cinema trash o celebram como um clássico. No ano de seu lançamento foi considerado o pior filme de todos os tempos.
Wood costumava trabalhar com atores caricatos como Tor Johnson (ex praticante de luta livre, cuja face se tornou uma máscara popular nas festas de Halloween) e o místico Criswell, que jurava adivinhar o futuro. O diretor tinha obsessão por Maila Nurmi, atriz finlandesa que usava o nome de Vampira em um programa de TV que apresentava. Wood escreveu vários papéis para ela, mas Maila só aceitou filmar Plano 9, desde que sem falas, conforme se vê no filme de Tim Burton.
Sarah Jessica Parker e Patricia Arquette participam de Ed Wood, o filme. São suas melhores interpretações. Foi a segunda de sete parcerias entre Depp e Burton. Os demais são Edward Mãos-de-Tesoura (1990), A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (1999), A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005), A Noiva-Cadáver (2005), Sweeney Todd – O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (2007) e Alice no País das Maravilhas (2010). Só não vi A Lenda co Cavaleiro Sem Cabeça. Mas os outros são bons ou ótimos, como este Ed Wood, que tem o toque de bizarrice comum a Burton, mas com histórias reais.
Além das questões técnicas, de pesquisa, de direção etc, o mérito de Burton é tratar quase como fábula episódios verídicos e próximos da época atual. Ele ainda vangloria figuras que muitos têm como fracassadas, jamais trata um personagem com desdém. Com Wood, então, fica a impressão de um apaixonado por filmes. Ou seria um antecessor do próprio Tim Burton?
Ed Wood / Ed Wood
CLASSIFICAÇÃO: DUCA
Ficha técnica:
Direção: Tim Burton
Elenco: Johnny Depp, Martin Landau, Sarah Jessica Parker e Patricia Arquette
Duração: 127 min.
Gênero: Comédia
Roteiro: Scott Alexander e Larry Karaszewski
Ano: 1994
Esse filme é excelente, um dos melhores do Burton!