Eu – Daniel Blake
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É tão ruim lá quanto cá. Quem já teve a experiência de se ver enredado pela burocracia brasileira se sentirá representado por Eu, Daniel Blake, filme que mostra como pode ser difícil a vida do cidadão também na Inglaterra.
Daniel quer só conseguir o auxílio-doença a que tem direito do governo inglês, após sofrer um enfarte que o impossibilita de exercer sua profissão, carpinteiro. Mas seu pedido é recusado por carta. E aí começa uma dificuldade atrás da outra, com atendentes que não escutam mas não ouvem e querem apenas cumprir o protocolo.
Daniel é homem do bem. E no meio de sua saga contra a burocracia decide ajudar como pode a jovem Katie, mãe solteira com dois filhos, que chega a Newcastle com uma mão na frente e outra atrás – e também enredada pela burocracia.
O sofrimento que boa parte dos brasileiros já passou com empresas de telefonia ou TV a cabo (no meu caso, a Vivo é a campeã do mau serviço) é idêntico ao de Daniel. O bando de idiotas ingleses só tem idioma diferente.
O diretor Ken Loach é socialista ferrenho. Mas seu filme não se apega a baboseiras. Relata, sim, o que o pequeno poder faz. É o burocrata que pode ajudar alguém mas prefere não sai do pedestal, é o energúmeno que acredita ver diferença entre assinar à direita ou à esquerda no papel, é o cinismo de quem pode atrapalhar sua vida desligando uma ligação após uma hora de espera com aquela musiquinha terrível.
É o pequeno poder nas mãos de pessoas pequenas.
Eu, Daniel Blake / I, Daniel Blake
CLASSIFICAÇÃO: PARE TUDO E VÁ VER!
Ficha técnica:
Elenco: Dave Johns, Hayley Squires e Sharon Percy
Ano: 2016
Direção: Ken Loach
Gênero: Drama
Duração: 100 min.