Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile

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POR MARINA SAMPAIO

Existem características comuns à maioria dos serial killers. Problemas na infância, abusos, pobreza, violência, famílias desestruturada, drogas, alcoolismo. E com Theodore Robert Cowell não foi diferente. Especula-se que Ted Bundy descobriu que aqueles que pensava ser seus pais (Samuel Cowel e Eleanor Cowell) eram na verdade seus avós maternos e a suposta irmã mais velha, Louise era sua mãe.

Agressões eram corriqueiras na família e para fugir desse contexto Louise casou-se com John Culppeper Bundy, mudando-se para outra cidade e levando, junto com o casal, o seu filho biológico Ted, mas este não aceitava o fato de ter sido separado dos seus “pais” para viver com a sua “irmã”. Mais tarde descobriu-se também que a gravidez foi fruto de um estupro de Samuel com Louise.

O trauma instaurado criou em Ted Bundy uma raiva impiedosa contra mulheres: foram mais de 35 torturadas, espancadas e mutiladas. Seu ódio era tão grande que os ferimentos dilaceravam órgãos internos e a grande maioria das suas vítimas ficavam irreconhecíveis.

Alguns documentários e filmes já foram feitos sobre o assassino e o mais recente é Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile -Extremamente Malvado, Chocantemente Mal e Vil – frase dita pelo juiz que condenou Bundy à cadeira elétrica depois de mais de uma década do seu primeiro crime.

A produção traz um retrato de uma parte da vida de Ted Bundy (Zac Efron), em que ele manteve um relacionamento de 6 anos com Elizabeth Kloepfer (Lily Collins), e conta a história a partir do ponto de vista dela.

Com isso, pode esquecer qualquer cena mais forte: ali está retratado um Ted Bundy amoroso e gentil que faz tudo pela família.

O desenrolar mostra cenas da época em que vimos o assassino conhecido pela mídia: galã, comunicativo, engraçado. Mostra partes do julgamento que foi transmitido pela televisão, de forma inédita, no qual Bundy destaca-se por dispensar os advogados e defender-se das acusações. Fiquei com a impressão de que se não soubéssemos de fato que ele foi responsável por tudo que cometeu, o filme tenderia a criar uma certa dúvida em relação a autoria dos crimes. Ted Bundy demorou muito para ser condenado por na época não existir testes de DNA, e uma das maiores provas foi um molde de sua arcada dentária, já que ele mordia suas vítimas.

Algumas pistas do lado sombrio de Ted Bundy aparecem de forma sútil – o filme peca em deixar completamente de lado este lado sádico, manipulador e mentiroso. Apesar de ser extremamente inteligente, é improvável que uma pessoa mantenha sua dupla personalidade tão controlada. Elizabeth escreveu um livro sobre sua história e conta que Ted tentou matá-la uma vez, parte ignorada pelo longa.

Uma das frases icônicas de Bundy exemplifica bem a narrativa: “Nós, serial killers, somos seus filhos, somos seus maridos, estamos em toda parte. E haverá mais de suas crianças mortas amanhã”. Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile traduz essa afirmação.

Entendo o propósito do ponto de vista, mas discordo em romantizar alguém que cortava cabeça de mulheres. Chega a ser desrespeitoso com a memória das vítimas e famílias.

Ted Bundy foi um predador dos mais cruéis e deve ser sempre retratado dessa maneira.

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Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile

CLASSIFICAÇÃO: VALE O INGRESSO

Ficha técnica:

Ano: 2019

Duração: 110 min.

Direção: Joe Berlinger

Elenco: Zac Efron, Lily Collins e Kaya Scodelario

Gênero: Suspense

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