Fuga para a Vitória
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O americano Sylvester Stalone é o goleiro. O zagueiro inglês Bob Moore joga de meia, um tanto para a ponta direita. O argentino Osvaldo Ardiles ajuda na armação do time. Kazimierz Deyna, polonês, tenta fazer gol como centroavante. Um brasileiro chamado Pelé joga em todas as posições. Eles são comandados por um treinador que também joga, Michael Cane. Fuga para a Vitória mistura atores e jogadores de futebol, travestidos de atores, em uma trama sobre um time de prisioneiros aliados “escalados” para jogar contra a seleção da Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial, em uma partida que transforma-se em mais do que mero futebol.
O roteiro é fraco (originalmente seria baseado em um time de prisioneiros da União Soviética que jogou contra soldados alemães, a chamada Partida da morte, mas ficou só na intenção de homenagem). E por isso passa a ser um filme curioso, apenas isso. Não dá para deixar de assistir a um longa que Pelé realmente interpreta. Fora Stalone e Michael Cane, ele é o jogador do time da prisão que mais aparece. Capricha no inglês!
Chega a ser engraçado, pois na história o maior atleta de século 20 é um tal de Luiz Fernandez, nascido em Trinidad (de Trinidad e Tobago). Mas qual motivo de ele não ser brasileiro? Trinidad não teve maior participação na Segunda Guerra do que o Brasil. Vai saber… só John Houston, o diretor, e os roteiristas podem responder.
A melhor frase de Pelé no jogo é em parceria com Stalone. Diz o jogador: “você não chuta bem, não dribla bem, mas pode ser um ótimo goleiro. Continue tentando”. Claro que aí Stalone se anima!
Aliás, o filme é de 1981 e Stalone está com a mesma cara de Rocky Balboa, que começou sua saga em 1976. Os trejeitos são idênticos. Mas não sei por que me surpreendi, pois até hoje é assim.
Chega um ponto do filme que o personagem de Stalone foge da prisão, vai a Paris e arma um plano para que no meio do jogo o time fuja das mãos nazistas. Aí ele volta pro campo de prisioneiros! Mas por quê? Não tem explicação! Por mais que tivesse de contar aos amigos sobre a estratégia de fuga, que fizesse de outra forma!
Não para por aí: como o futebol no início dos anos 1980 era desconhecido do público americano, o personagem de Stalone é um ignorante nas regras. Aí ele pergunta o que é pênalti e como se posicionar em escanteio. Um jeito torpe de ser didático para o público norte-americano.
O filme tem uma cena digna de aplauso: o fim do jogo com o hino francês (o jogo acontece em Paris dominada pelos alemães). É bacana. Só o hino já é grande coisa. Mas arrepia ao ser cantado por um estádio cheio de vítimas.
Nos créditos, Pelé é elencado como o responsável pela escolha dos jogadores participantes do longa. Ponto para o filme. Além da elite que realmente tem falas, há jogadores da Escócia, da Dinamarca, da Irlanda… e por aí vai.
Filme bom sobre futebol é artigo raro – as melhores exceções são os documentários. Fictícios, não lembro de um que seja ótimo. Mas pelo menos este é diferente na mistura entre jogadores e atores.
Fuga para a Vitória / Victory
CLASSIFICAÇÃO: ATÉ VALE O INGRESSO (PELO INUSITADO)
Ficha técnica:
Ano: 1981
Duração: 116 min.
Direção: John Huston
Elenco: Sylvester Stallone, Michael Caine, Max von Sydow, Pelé, Bobby Moore, Osvaldo Ardiles, Benoit Ferreux, Jean-François Stévenin e Kazimierz Deyna
Gênero: Drama
Roteiro: Jeff Maguire, Djordje Milicevic e Yabo Yablonsky