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Indústria Americana ganhou o Oscar de Documentário neste 2020. Foi chamado de “documentário dos Obama”, devido à produção da companhia Higher Ground, de Michelle e Barack Obama. Na cerimônia de entrega da estatueta era tido como barbada pela questão política, pela oposição a Donald Trump. Venceu fácil, é verdade, mas seria injusto creditar apenas à política. É, sim, um baita documentário.

Demonizada por Donald Trump, a China é protagonista no filme, menos como uma rival geopolítica e mais como um elemento de disrupção que, em perspectiva, desperta os Estados Unidos para uma consciência da precariedade do subemprego.

O que mais chama atenção é como os diretores Julia Reichert e Steven Bognar conseguiram convencer os donos da chinesa Fuyao, que produz vidros para carros, a acompanhar o dia a dia dos trabalhadores e dirigentes.

Depois de rapidamente abordar o fechamento de uma fábrica da General Motors em Dayton, Ohio, na ressaca da crise de 2008, que provocou demissões em massa, o longa passa a acompanhar a segunda vida da fábrica, entre 2015 e 2017, quando a Fuyao chega à cidade, de início sob clima de festa e esperança, e coloca os americanos para trabalhar ao sob comando de gerentes chineses.

São dois mundos completamente distintos. Americanos tentam se adaptar à busca de eficiência dos líderes chineses. Quando um grupo é levado à China para acompanhar a produção na sede da Fuyao, o documentário dá uma virada em 180º e os chineses são mostrados como “carneirinhos”, desumanizados e robotizados pela liderança inquisitiva, e os americanos se apegam a seus direitos como trabalhadores, mais humanos e querendo ter vida fora do trabalho.

Essa dicotomia é o ponto alto do documentário. Afinal, qual lado tem razão? Melhor: algum lado está certo? Fica a pergunta para o espectador.

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Indústria Americana / American Factory
CLASSIFICAÇÃO: DUCA
Ficha técnica:
Direção: Steven Bognar e Julia Reichert
Duração: 110 min.
Ano: 2019
Gênero: Documentário