A Liberdade é Azul

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Escrever sobre um filme clássico é sempre difícil. Muita gente já viu. Muitos adoram, poucos odeiam, geralmente. E sempre tem gente que é aficionada, que defende a obra com unhas e dentes, que entende muito mais do que o missivista. Mas como vi ontem, e ainda lembro de quase tudo, vou arriscar. Enfim conferi A Liberdade é Azul. Com este a tarefa é mais fácil. É ótimo.
De 1993, o filme é o primeiro da chamada Trilogia das Cores, do diretor e roteirista polonês Krzysztof Kieslowski sobre os ideais e as cores da bandeira francesa. Originalmente é chamado apenas Blue, título mais indicado do que o traduzido para português. Explico: a “liberdade” não está explicita nos 95 minutos de filme. É um tema que se percebe com a sequencia final da obra. É, sobretudo, uma liberdade que, no fundo, não se quer – ou, de outra maneira, percebe-se impossível.
Após um trágico acidente em que morrem o marido e a filha, Julie decide renunciar ao passado. Após uma tentativa fracassada de suicídio, vende tudo – casa, móveis, roupas etc – e some de todos. Vai morar isolada em um pequeno apartamento.
O ponto do filme é a dificuldade em se conseguir a tal liberdade. Por mais que queira esquecer o passado, ela “tromba” com fatos que a fazem lembrar. É o músico que toca a obra-prima sem finalização de seu marido (ou que parece com a dele). É o lustre azul (que “teima” em ficar com ela) “adorado” pela prostituta que mora em seu prédio. É o medo de rato que exige o pedido de ajuda a alguém. Julie quer sumir da vida, mas a vida não deixa. Ela não tem essa liberdade. Ela precisa encontrar uma outra liberdade, se isso é possível.
O filme é um drama. Fiz questão de vê-lo antes dos outros dois da trilogia para acompanhar toda a sequência. São histórias diversas, mas com ligações. Agora vou para A Igualdade é Branca, uma comédia. O último é A Fraternidade é Vermelha, que o diretor Kieslowski disse ser “indefinido”.
Kieslowski, aliás, está em extras saborosos do DVD. Há uma entrevista hilária dele com Rubens Ewald Filho. Antes desta trilogia, o diretor realizou para a televisão polonesa uma série de filmes baseados nos Dez Mandamentos (chamada Decálogo) – um filme por mandamento, todos tratando de conflitos morais. A Trilogia das Cores é seu grande sucesso comercial e de crítica. Depois dela, se aposentou. Cansou de fazer cinema. Morreu em 1996, aos 54 anos.
É curioso verificar, ainda nos extras, a participação do produtor Marin Karmitz, que ajudou Kieslowski a “afrancesar” a obra. Por fim, não tem como não escrever sobre Juliette Binoche. Não sou fã dela, mas esta é sua grande obra. O filme é todo em cima dela, sua grande atuação.
A Liberdade é Azul / Trois Couleurs: Bleu
CLASSIFICAÇÃO: DUCA
Ficha técnica:
Ano: 1993
Duração: 95 min.
Direção: Krzysztof Kieslowski
Roteiro: Krzysztof Piesiewicz, Krzysztof Kieslowski, Agnieszka Holland e Edward Zebrowski
Elenco: Juliette Binoche, Benoît Régent, Emmanuelle Riva, Florence Pernel e Guillaume de Tonquédec
Gênero: Drama
Esse eu achei interessante e só. Um pouco arrastado demais pro meu gosto.