Meia Noite em Paris – O outro lado

Meia Noite em Paris – O outro lado

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Por Vanderlei França (enviado especial a Paris, à meia noite)

Gosto da minha posição de leitor do Não Entende Mas Comenta. Não tenho qualquer dúvida de que os que escrevem aqui devem saber muito mais do que eu sobre a sétima arte.

Primeiro porque não penso que entendo nada de cinema. Então, aproveito e sigo TODAS as dicas dadas.

Como sou péssimo comentarista e tenho uma crônica dificuldade em juntar letrinhas para formar ideias, o papel de espectador do site é tão agradável quanto as salas escuras do Cinemark e do Espaço Unibanco, que ouso ir com pouca frequência.

Mas estou há tempos para fazer um contra-ponto à injustiça feita a Wood Allen no post do último 24 de junho, da Diana Medeiros, de quem virei fã dos textos daqui.

Vou tentar, juro, deixar de lado o papel de fã do diretor. Ou alguém ainda dúvida que “Noivo Neurótico, Noiva Vervosa”, “A Era do Rádio” “Desconstruindo Harry’, “Manhattan” ou “Tudo Pode Dar Certo” são verdadeiras maravilhas do cinema?

Essas pérolas acabaram de ganhar uma nova companhia. “Meia Noite em Paris” é bom pra mais de metro. Baita fotografia, ótimo roteiro, uma espetacular trilha sonora e, claro, uma direção impecável.

Só que antes de todas essas técnicas que contribuem para termos um filme de qualidade, pode-se dizer que a melhor definição para a película é: ela é leve!

E não é a aquela coisa de filme “leve” que começa em esbarrão e termina em casamento. É a leveza de atravessar o Atlântico para conhecer a Cidade Luz em um história impecável.

Só Allen mesmo para conseguir trazer leveza ao público mesmo apresentado personalidades incríveis, complexas e geniais que estão há 90 anos distância.

No filme, Owen Wilson – que representa com galhardia ímpar o alter-ego do diretor – interpreta Gil Pender, um roteirista norte americano que resolve passar as férias em Paris com sua noiva Inez, a bacana Rachel McAdams

Gil vive um momento complicado da vida onde tenta lidar com a personalidade difícil e consumista de Inez e com a visível diferença que há entre ele e o pai da moça.

Como se não bastasse, Gil precisa aturar as interveções “intelectualóides” de Paul (Michael Sheen), que rouba a cena como o famoso pedante da história. Ele explicando obras de arte é uma coisa hilária!

Apaixonado por Paris (alguém não é?!) e por sua cultura, nosso roteirista tenta terminar um livro, que nada mais é do que a materialização do próprio sonho.

Assim como o protagonista do livro, Gil sonha em viver na Paris dos anos 20, quando circulavam por lá caras como Picasso e Dali. A cada meia noite na cidade, uma sucessão de acontecimentos divertidíssimos. Fica impossível não mergulhar no universo fantástico criado por Woody.

O filme cativa com seus inúmeros diálogos descontraídos e um toque leve de humor. Os personagens, sobretudo as figuras históricas, são incluídos na trama de maneira genial, enquanto Gil vai aprendendo que a grama do vizinho é sempre mais verde que a nossa.

O filme é tão delicioso quanto andar por aquelas ruas vendo os monumentos do Paris, mostrados lá no início da filme. Se estiver chovendo, então….

Diz a Diana que se o filme não fosse de Woody Allen, ele seria “apenas engraçadinho”. Ela até apostaria o braço direito nisso. Para sorte dela, e nossa, que vamos continuar lendo seus textos aqui digitados com as duas mãos, é pouco provável que algum outro diretor fizesse algo tão bom. Nunca teríamos a oportunidade de ver outro nome, além do diretor, lá na ficha técnica.

É comum ouvir de fãs de Wood Allen que seus filmes são sempre melhores do que 99% dos que estão em cartaz. No geral, concordo em gênero, número e grau. Só que nesse caso não tenho qualquer dúvida em acrescer: não existe o outro 1%.

Se ainda não viu, larga tudo agora e vá lá!

Meia Noite em Paris / Midnight in Paris

CLASSIFICAÇÃO: PARE TUDO E VÁ VER!

Ficha técnica:

Ano: 2011
Direção: Woody Allen
Elenco: Owen Wilson, Rachel McAdams, Kurt Fuller, Mimi Kennedy e Adrien Brody
Duração: 100 min.

Categorias: Drama

Sobre o Autor

Comentários

  1. Angélica Vilela
    Angélica Vilela 16 agosto, 2011, 21:46

    Acho que houve exageros de ambos os lados. rs… O filme não é ruim, mas também não é essa obra-prima que tentam classificá-lo. É um filme bom e isso basta para assisti-lo. E olha que também me considero fã do diretor (ou deveria não me considerar? rs…).
    Quem ainda estiver na dúvida, que assista ao filme e dê sua opinião! Apesar de pândega, a democracia é uma das melhores coisas que inventaram. Aliás, está aí um bom lugar para o próximo filme do Woody Allen – a Grécia. Eu, com certeza, não perderia. Bjs.

  2. Anônimo
    Anônimo 16 agosto, 2011, 21:03

    Só não deu pra disfarçar a paixão pelo Diretor e por Paris! Com a sutileza de sempre, Woody mostrou o "sentido" da arte, não só como fim, mas como um caminho. Foi pela emoção vivida com a arte que o imcompreendido Gil se envolveu com amigos muito mais interessantes que os certinhos que estavam fisicamente ao seu redor. Foi enxergando os mestres como gente comum que ele conseguiu decifrar sua própria arte, terminando seu livro. Lembrar que são tão humanos como nós, torna mais curto o caminho até aqueles inatingíveis mestres.

  3. Diana Medeiros
    Diana Medeiros 16 agosto, 2011, 20:37

    Ah a democracia, essa pândega! Hahahahahaha. Vai ver o filme é mesmo muito bom e eu que tenho birra, Vanderlei. Penso até em dar uma segunda chance e ver de novo. Mas é que continuo vendo esse e lembrando de Uma Noite no Museu. Achei divertido, concordo que é leve, a fotografia é linda… mas o roteiro não me pegou. Achei a direção meio frouxa. Vale o ingresso sim. Mas não achei uma obra prima como dizem que é todo filme do diretor. Minha avó sempre dizia pra eu não discutir política e religião. Acho que vou acrescentar Woody Allen. É sempre polêmico. Rs.

    Ps: Vanderlei, obrigada pela contribuição ao blog. É sempre bem vinda! Acho que o forte desse espaço é mesmo a divergência de opiniões. Até porque entender de cinema ninguém aqui entende, né! Rs.

  4. Danilo Vicente
    Danilo Vicente Author 16 agosto, 2011, 19:46

    Sou um dos não fãs do Woody Allen. Mas não é que o homem tem acertado nos últimos? Vicky, Cristina, Barcelona, Tudo Pode Dar Certo e este. Gostei de todos os três! Será que continuo como “não fã”?

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