Murderball – Paixão e Glória

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Estou na “fase documentários”. Adoro o gênero. E como já assisti à maioria dos lançamentos de ficção que estão em DVD, tenho me dedicado aos filmes que relatam histórias reais. Murderball – Paixão e Glória há tempos estava na minha lista. Mistura esporte e superação, dois temas que adoro, com realidade, o toque ideal para me cativar. Ao fim, um resultado: vale muito assistir.
Murderball é um esporte para tetraplégicos. Logo no começo se explica que tetraplegia é a dificuldade de movimentar os quatro membros do corpo, não a paralisação total deles. Em uma quadra de basquete, joga-se algo semelhante ao rúgbi, mas em cadeiras de rodas. O objetivo é levar a bola até o fim da quadra. Quem levar mais vezes ganha.
Os jogadores são classificados com pontos, de acordo com sua dificuldade motora. E os times devem ter em quadra jogadores que no máximo totalizem oito pontos. As cadeiras de rodas parecem tanques de exército, reforçadas para o “combate”. A maneira de parar o adversário é trombar e derrubá-lo, sem pena.
Mas o jogo é um pano de fundo para mostrar a superação dos atletas. Algumas vezes parece que se assiste a uma obra de ficção, tamanha a congruência de fatores que cativam o espectador. Mas não. É um documentário, dos bons.
A história é centrada na seleção norte-americana de Rúgbi em Cadeira de Rodas, o nome oficial do esporte, já que Murderball (bola assassina) dificulta a obtenção de patrocínio. A disputa entre os americanos, até então invictos e imbatíveis, com o Canadá, cujo treinador é o ex-melhor jogador americano, renegado depois de envelhecer, dá o tom. E ao longo dos 85 minutos são mostradas histórias incríveis, daquelas que nos deixam envergonhados ao reclamar de qualquer coisa.
Temas como sexualidade e convivência com a sociedade são abordados, à medida que o espectador é lembrado que sobre as rodas vivem seres humanos dignos e capacitados. Joe Soares, o treinador do Canadá deixado de lado pelos americanos, é um dos exemplos de personagens que marcam. Teve poliomielite, perdeu as pernas. Encontrou-se na primeira seleção norte-americana de Murderball. Cobriu-se de glórias. Mas o tempo passou e, em 1996, Joe foi cortado da seleção. Processou a federação, perdeu e foi ser técnico da seleção canadense.
Que dúvida que ele vai ganhar dos americanos! Mas isso está longe de ser o fim do filme. Há outros grandes personagens, como Mark Zupan, estrela da seleção dos Estados Unidos e, dizem, talentoso o suficiente para igualar as conquistas de Joe. E quem está fora do esporte também aparece, com a “ligação dos pontos” lá no fim.
Cheguei a rir quando a obra mostrou seu desfecho. Todo preparado para a glória americana (sim, há este defeito), o filme – que concorreu ao Oscar de Documentário em 2006, mas perdeu (inacreditável!) para A Marcha dos Pinguins – acaba nas Para-Olimpíadas de Atenas. E chega a ser cômico.
Até esta qualidade o filme tem. Mas a risada para aí. O tema é, claro, sério. E, perdão o chavão, é uma lição de vida.
Murderball – Paixão e Glória / Murderball
CLASSIFICAÇÃO: DUCA
Ficha técnica:
Direção: Henry Alex Rubin e Dana Adam Shapiro
Gênero: Documentário
Duração: 85 min.
Ano: 2005