Os 7 de Chicago

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“O mundo inteiro está assistindo” foi o slogan repetido a plenos pulmões em um protesto contra a Guerra do Vietnã em 1968, durante a convenção nacional do partido Democrata, em Chicago. É esse protesto que inicia Os 7 de Chicago. E é esse slogan que parece ter marcado o roteiro e a direção de Aaron Sorkin para um dos melhores, senão o melhor, filme de tribunal dos últimos tempos.
Lançamento da Netflix, o longa consegue relatar um evento marcante da história dos Estados Unidos sem se fechar no espectador americano. Depois de uma rápida introdução sobre a chamada “Quadrilha da Conspiração”, título dado pelo governo federal aos líderes do protesto, Sorkin não perde tempo e já pula para os oito (sim, o título com “7” é explicado ao longo da trama) sentados no tribunal à frente do juiz Julius Hoffman (papel incrível de Frank Langella).
Esse personagem – o juiz – sintetiza toda a armação do governo federal em busca de prisão do que chama arruaceiros. Para os mandatários de então, não importa a lei, importa quem está no comando dela, seja um juiz ou seja o Procurador Geral da República. E é esse olhar que serve para todo o planeta, hoje ainda cheio de ameaças à democracia, preconceito e ataques a minorizados.
Sorkin não está só. Ele abre espaço para interpretações de primeira de atores do primeiro time de Hollywood. Sasha Baron Cohen é o hippie Abbie Hoffman, que envereda pelo lado mais radical ao lado de Jerry Rubin (interpretado por Jeremy Strong). Eddie Redmayne vive Tom Hayden, que, com seu amigo Rennie Davis (do ator Alex Sharp), prefere a mudança pelo voto. John Carroll Lynch comanda o personagem David Dellinger, contra qualquer conduta violenta.
Ainda tem destaque no grupo dos acusados Bobby Seale (Yahya Abdul-Mateen II), co-fundador do Partido dos Panteras Negras, cuja presença é essencial.
Joseph Gordon-Levitt como o procurador Richard Schultz e Michael Keaton como o ex-procurador geral Ramsey Clark têm papeis menores, mas não menos importantes.
Em meio a todos esses nomes famosos, destaque para um menos conhecido. Mark Rylance é o advogado de defesa William Kunstler, inspirada e marcante interpretação. Sobressai como ele consegue galgar espaço em meio a tantas personalidades fortes.
Se em A Rede Social e em O Homem que Mudou o Jogo Aaron Sorkin provou que é roteirista de mão cheia, em Os 7 de Chicago mostra que dirigir também é sua praia.
O filme tem cenas de ficar na memória, mesmo que seja em grande parte com as pessoas sentadas em um tribunal, o que evidentemente dificulta o trabalho. Não para Aaron Sorkin.
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Os 7 de Chicago / The Trial of Chicago 7
CLASSIFICAÇÃO: PARE TUDO E VÁ VER!
Ficha técnica:
Ano: 2020
Duração: 129 min.
Roteiro: Aaron Sorkin
Direção: Aaron Sorkin
Elenco: Sasha Baron Cohen, Eddie Redmayne, Yahya Abdul-Mateen II, Jeremy Strong, Frank Langella, Michael Keaton, Joseph Gordon-Levitt, Alex Sharp e John Carroll Lynch
Gênero: Drama
O roteiro é muito bom, mas o filme não mantém a consistência quando está dentro ou fora do tribunal.
Falta o ritmo aplicado nas cenas do tribunal no restante das cenas.
Sacha Baron Cohen mais uma vez mostra como sabe atuar, mas Mark Rylance é genial como advogado de defesa.