Restrepo

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Duca

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Adoro documentários. Na verdade, adoro filmes em geral. Mas ultimamente tenho me dedicado a assistir a grandes documentários. Vi Restrepo, que concorreu ao Oscar 2011. Não tenho dúvida que, apesar de ter uma temática totalmente pró-Estados Unidos (neste caso isto é ruim), é inovador e ótimo, muito melhor que o vencedor da premiação, Trabalho Interno.

Além do ganhador, Restrepo concorreu ao Oscar com Lixo Extraordinário, Exit Through the Gift Shop e GasLand, este último o único que ainda não vi. A briga é boa e é difícil definir qual o melhor. Realmente fico em dúvida, pois são bem diferentes – entre eles e entre quaisquer outros documentários já feitos. Mas talvez, para não ficar em cima do muro, o brasuca Lixo Extraordinário esteja um pouco acima de Gift Shop e deste Restrepo. O certo é que em qualquer um dos três o ingresso é muito bem pago.

Restrepo (que levou o Grande Prêmio do Júri em Sundance em 2010, a premiação geral mesmo, junto com Inverno da Alma) conta a história de um pelotão do exército americano enviado para o Vale Korengal, no Afeganistão. É neste pequeno pedaço de terra que 80% da guerra do Afeganistão se passa. A câmera acompanha os cerca de 20 homens, mostrando o dia a dia deles. Não lembro de ter visto um acompanhamento por 15 meses de uma guerra, in loco. É assim com este filme.

Passado pouco tempo, o filme começa a acompanhar duas bases do mesmo pelotão, a segunda conquistada após a morte de um dos soldados, Juan Sebastián Restrepo, que, claro, dá nome a esta base.

Os próprios combatentes reconhecem que é o cenário mais letal da guerra entre americanos e os talibãs. O jornalista dos Estados Unidos Sebastian Junger e o fotojornalista britânico Tim Hetherington, os diretores do filme, ficaram os 15 meses ao lado dos combatentes em 2009. Hetherington morreu em abril ao cobrir o mais recente conflito na Líbia.

Junger e Hetherington instalaram câmeras nos capacetes dos soldados e se enfiaram no meio do fogo cruzado para registrar a rotina barulhenta do vale. Não há entrevistas com generais ou similares. Uma das passagens mais interessantes é quando os soldados têm de justificar aos afegãos a morte de uma vaca. Parece brincadeira, mas os soldados, treinados, precisam manter a calma e a razão.

Esqueça aqueles filmes sobre a força americana em guerra. Aqui o que se vê é o desespero dos soldados, a alegria em voltar para casa, a dificuldade em se comunicar com os nativos, a solidão. Mas é tudo tão… pequeno. São uns 20 homens, em um espaço minúsculo, apenas com o essencial para sobreviver, atirando para todos os lados. Não há bombas, nem basucas. São passos diminutos, trabalho de inteligência.

Não… não há o lado afegão da história. Mas e daí? Interessa, muito, ver uma guerra real, mesmo que seja para aprender o que não deve ser feito.

Restrepo / Restrepo

Duração: 93 min.
Ano: 2010
Direção: Sebastian Junger e Tim Hetherington
Gênero: Documentário