Senna
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Nada melhor do que estrear o recente layout do Não Entende Mas Comenta com um bom filme. Neste caso, um bom documentário, que, você já deve ter imaginado, é sobre o ex-piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna da Silva, o brasuca Senna.
Dirigido pelo britânico Asif Kapadia, a produção inglesa (que nome melhor do que o simples “Senna”?) acompanha a carreira do piloto brasileiro da sua estreia na Fórmula 1, em 1984, a sua morte em um acidente durante o Grande Prêmio de San Marino, na Itália, em 1994. Foca em seus três campeonatos mundiais na elite do automobilismo e na rivalidade com o francês Alain Prost, que depois veio carregar seu caixão e entrou para o Conselho da Fundação Ayrton Senna.
Esqueça outros períodos da carreira de Ayrton, pois o filme é só Fórmula 1. E isto é ótimo, pois é o que realmente cativa, são seus anos de vida no apogeu da carreira.
Há depoimentos de jornalistas esportivos (Reginaldo Leme, da TV Globo, pelo Brasil), da irmã Viviane Senna e de ex-automobilistas, mas com a vantagem de não parar as imagens para mostrá-los – há a voz, sem a imagem deles, mantendo os feitos de Senna em destaque.
Pouco da vida íntima do ex-piloto é mostrado na tela – apenas algumas passagens com as apresentadoras Xuxa e Adriane Galisteu, sem identificá-las como namoradas. Isso pode ser explicado pelo apoio da família à produção, já que Galisteu nunca foi querida por parentes de Ayrton.
O pecado do filme inglês é dramatizar demais a situação econômica do Brasil. Para mostrar a importância de Senna aos brasileiros, o documentário trata o país como uma Somália, mostrando gente miserável comendo nas ruas e deixando de contextualizar a situação. É o próprio Senna quem acerta a situação, ao declarar que o Brasil à época era de muitas discrepâncias, com pobreza extrema e riquezas enormes, financeira e natural.
Bem editado, o filme deve agradar até quem não gosta de esportes. Aos que gostam, é imperdível. A principal pergunta do espectador é “como conseguiram tantas imagens bacanas?”. Para mim, a principal é de Nelson Piquet o defendendo em uma reunião de pilotos um ano depois de Senna ter o título mundial de 1988 arrancado à força. Todo mundo sabe que os dois nunca se bicaram. É surpreendente. Mas há muitas outras, como a de Ron Denis, então chefe de equipe de Senna e Prost, declarando que o brasileiro fora absurdamente injustiçado no mesmo episódio. É ver e escolher.
Senna / Senna
CLASSIFICAÇÃO: DUCA
Ficha técnica:
Ano: 2010
Direção: Asif Kapadia
Gênero: Documentário
Duração: 107 min.
