Terra de Ninguém

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Nestes tempos de manifestações em todo o mundo, e aqui no Brasil, o filme Terra de Ninguém veste como uma luva. Dá o recado: entra gente e sai gente do poder e o que se vê é apenas uma troca de rostos. O poder corrompe e muitas vezes a troca de comando, mesmo que com o apoio popular, pode dar resultado zero. Ou até piorar a situação. “No antigo governo, homens exploram homens. Desde a revolução… é o contrário”. A frase é do filme e resume bem sua ideia.

De 2006, o longa parece premonitório. Aborda a força das manifestações populares e aponta caminhos. Mas também indica que é preciso cuidado mesmo quando o percurso parece acertado.

A trama se passa em algum ponto do século 20, em um país desconhecido. O tirano Maximilian II conduz uma extravagante ditadura de direita após a morte do governante anterior: seu pai, tão tirano quando ele. O soldado Joe é transferido para uma penitenciária onde está Thorne, um ex-professor e líder da oposição, alçado pelo regime – e pela mídia – à posição de inimigo número 1 do povo, acusado de promover atentados terroristas. Joe começa a se encantar com Thorne, que abre os olhos do soldado para as aberrações que o governo comete dia após dia.

Thorne derruba Maximilian II, com ação protagonizada por Joe. Assume o poder e…

 Mesmo com a certeza de que agiu corretamente ao derrubar o regime anterior, Joe, agora esperto, percebe que pode ter dado um tiro no pé, dele e da sociedade. Chega a proibição de comer carne, a obrigatoriedade do uso de xador (aquela veste que cobre todo o corpo) por mulheres etc.

É interessante o tratamento dado à mídia, exagerado mas com um fundo de verdade. No país dominado, a imprensa é a favor de quem está no poder, sem quem for (bem diferente da brasileira, que fique claro, mas igual a encontrada em tantos países). E incentiva a barbárie.

Ralph Fiennes, competente novamente, interpreta Joe. Donald Shutherland vai ainda melhor como Thorne. E Tom Hollander é Maximilian II, também bem. Aliás, este personagem é aficionado por cinema e pensa ser competente. Seria crítica a alguém específico? É marcante a cena em que um editor de filmes, acorrentado e recebendo choques elétricos, tenta explicar ao ditador/diretor ser impossível aumentar a duração de uma cena horrorosa porque não existem mais frames disponíveis. No final, dá-se um jeito.

Não é um filme que surpreende, mesmo porque o personagem principal começa a trama preso. Mas nem por isso perde sua importância. Baita filme.

Terra de Ninguém / Land of the Blind 


CLASSIFICAÇÃO: PARE TUDO E VÁ VER! 


Ficha técnica: 
Direção: Robert Edwards
Roteiro: Robert Edwards
Elenco: Ralph Fiennes, Donald Sutherland, Tom Hollander e Lara Flynn Boyle
Gênero: Drama
Ano: 2006
Duração: 110 min.

Categorias: Drama

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