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Não gosto do estilo de Terrence Malick: filmes contemplativos, demorados, supostamente inteligentes (Árvore da Vida, De Canção em Canção). Mas tenho de dar o braço a torcer. Uma Vida Oculta é um bom filme, talvez exatamente por ter uma proposta diferente: um drama mais estruturado, linear. Poderia ser mais dinâmico, é verdade, mas isso não tira seu valor.

Baseado na história real de Franz Jägerstätter, camponês austríaco condenado à morte por não jurar lealdade a Adolf Hitler, o longa acompanha o desafio deste homem se manter alinhado a sua consciência.

Franz acreditava que o genocídio de judeus e outras minorias não condizia com os ensinamentos cristãos. Na Áustria invadida pela Alemanha nazista, todos são obrigados a concordar com Hitler. O dilema é assinar um papel dizendo que apoia Hitler e, assim, acabar com o problema ou se manter fiel a seus valores.

Malick constrói o longa de um jeito que o espectador é captado pela dúvida e pelo sofrimento. Sim, porque Franz é preso e sua esposa, Franziska, sofre com os maus tratos do vilarejo onde vive, já que poucos, para não dizer quase ninguém, entende a escolha dele.

Franziska, aliás, jamais tenta convencer o marido a mudar de ideia. E cuida de seus filhos sozinha, quieta.

A fotografia é linda. E há um acerto de Malick em não traduzir as conversas em alemão – mostra-se desnecessário, tamanha a tensão aplicada nas cenas.

O pecado do longa é ter quase três horas, de maneira desnecessária. Malick por vezes enrola, oferece contemplações. Exagera.

Mas, verdade seja dita, no cômputo geral, acerta bastante.

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Uma Vida Oculta
CLASSIFICAÇÃO: VALE (BEM) O INGRESSO
Ficha técnica:
Ano: 2020
Duração: 174 min.
Gênero: Drama
Direção: Terrence Malick
Elenco: August Diehl, Valerie Pachner, Paul Ganz e Tobias Moretti