Decidi assistir a Barry Lyndon por causa de seu diretor-roteirista, Stanley Kubrick. O mestre de Laranja Mecânica, Dr. Fantástico e 2001 – Uma Odisséia no Espaço mais uma vez vai bem. Não choca como nestes três, mas faz um filme bacana.
Baseado no romance de William Makepeace Thackeray, o longa, obra de Kubrick seguinte a Laranja, é basicamente um conto sobre a ascensão e o declínio social da personagem-título, do meio ao fim do século 18, dividido literalmente em duas partes. Na primeira, ainda sem o Lyndon no sobrenome, Redmond Barry mostra-se ingênuo, apaixonado e corajoso. Na segunda, passa a ser o amante da adorável senhora Lyndon, até se casar com ela. Aí já é golpista e traiçoeiro. Mas, afinal, quem é Barry Lyndon?
O diretor Martin Scorsese (de, por exemplo, Ilha do Medo) deu uma boa explicação sobre o filme e o personagem principal. “Não estou certo se posso afirmar ter um filme favorito de Kubrick, mas retorno repetidamente a Barry Lyndon. Penso que é por ser uma experiência tão profundamente emocional. A emoção é transmitida pelo movimento da câmera, da lentidão do ritmo, na forma como as personagens se movem naquilo que as envolve… Na cadência sucessiva de imagens de rara beleza vemos o caminho de um homem à medida que ele evolui da mais pura inocência até à mais fria sofisticação, terminando numa absoluta amargura – a materialização elementar da sobrevivência”.
Vencedor de quatro Oscar – Figurino, Fotografia, Direção de Arte e Trilha Sonora Adaptada -, Barry Lyndon tem marcante qualidade técnica, como se percebe pelas categorias que ganhou. Foi todo filmado com luzes naturais ou luzes de velas.
Ainda concorreu a Filme, Direção e Roteiro Adaptado. Não deveria ser tão longo – 3 horas e 3 minutos – falha do mestre diretor-roteirista. Mas precisa ser visto pelo valor técnico, pelo diretor-roteirista e até pelo roteiro.
Barry Lyndon / Barry Lyndon
CLASSIFICAÇÃO: VALE O INGRESSO
Ficha técnica:
Ano: 1975
Gênero: Drama
Direção: Stanley Kubrick
Roteiro: Stanley Kubrick, baseado no livro de William Makepeace Thackeray
Elenco: Ryan O’Nea, Marisa Berenson e Patrick Mag
Kubrick é um dos meus 3 diretores favoritos, mas esse é um porre! O personagem é detestável, os atores são péssimos e a duração transforma algo que já é um incômodo em uma experiência insuportável. Mas tem um maravilhoso trabalho de iluminação, tecnicamente falando, é a melhor fotografia de um filme dele – estamos falando do Kubrick, notório pela fotografia perfeita.
Agora, quer ver um épico mesmo? Veja Lawrence da Arábia, a perfeição expressada em celulóide.