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Nem tão ruim, nem tão bom. Assim é Che, com Benício Del Toro como protagonista. Ouvi que era péssimo, chato, longo e exímio defensor de um “assassino”. Também ouvi que era ótimo, um retrato fiel da dureza de uma luta contra a injustiça, uma homenagem ao “revolucionário sonhador”. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.
Como é de se imaginar, Che conta a história de Ernesto Guevara, o Che. Realmente o filme defende acintosamente o argentino revolucionário que mudou a história de Cuba. É todo baseado no livro de memórias do verdadeiro Che e mostra que todas suas ações são por um bem maior e que ele seria um cara totalmente correto. Há cenas exageradas para defender essa visão, como a que ele pára um comboio de carros rumo a Havana para determinar que um dos veículos volte imediatamente ao ponto de partida, já que pertencia aos derrotados e, assim, era considerado roubado. Mas e daí? Steven Soderbergh, o diretor, quis defender Guevara. E não vejo mal algum nisso. Assiste quem quer!
Sou um dos que defende que Guevara não foi herói. Mas não vejo qualquer problema em assistir um filme que o idolatre. Acaba longe de ser meu filme predileto, mas também não é o pior de todos os tempos. Seria melhor se mostrasse o lado sombrio de Che? Claro. Mas é uma escolha da produção e da direção.
O filme peca, sim, por ser sem ação. Barbaridade! E não me refiro somente a tiros. Mas ao relato do que realmente acontecia em Sierra Maestra e no restante de Cuba. Todos hão de concordar que se houve um lugar com tensão e ação foi Cuba na época da revolução. Mas não, o diretor prefere mostrar a vida na selva, e só. Pode ser que a seqüencia que saiu no fim de 2009 – Che 2 -, com ele na Bolívia, tenha mais ação. Mas se nem na tomada de Cuba o diretor proporcionou isso, imagino nas cenas em nosso país vizinho…
Outra crítica: quem não conhece a história da revolução fica sem entender a relação dos liderados por Fidel com os outros grupos revolucionários, especialmente os estudantes. O filme explica superficialmente a relação entre os grupos que queriam tirar Fulgêncio Batista do poder.
Importante lembrar: o brasuca Rodrigo Santoro faz, sim, um papel de destaque. Já vi relatos que ele faz apenas figuração, o que é uma imensa bobagem, uma ciumeira danada. Ele faz Raúl, o irmão de Fidel. Como o filme é todo centrado em Che (veja o nome!), até Fidel parece à parte no mundo. Se Santoro fez figuração, o ator que fez Fidel – Demián Bichir – também. Mas não é o caso – os dois atores, por sinal, vão muito bem, especialmente Bichir, que é muito semelhante fisicamente a Fidel. Já Del Toro (que ganhou a Palma de Ouro em Cannes) fica num chove não molha – talvez por causa do enredo sem ação – que dá aflição. Fica longe de suas melhores atuações.
É um filme que vale assistir? Sempre. Sempre uma história como a de Che precisa ser vista. Mas não espere por qualquer emoção.
Che / Che (Part One)
CLASSIFICAÇÃO: ATÉ VALE O INGRESSO (se for barato)
Ficha técnica
Direção: Steven Soderbergh
Elenco: Benicio del Toro, Demián Bichir, Julia Ormond, Rodrigo Santoro e Maria Isabel Díaz
Duração: 126 min.
Gênero: Drama
Roteiro: Peter Buchman, baseado em livro de memórias de Ernesto “Che” Guevara
Produção: Laura Bickford e Benicio Del Toro
O Che 1 (onde nós acertamos) é bem legal. Já o Che 2 (o que deu errado) é chato pra dedéu. No meio do filme de repente surge um Matt Damon pra desaparecer logo em seguida, fazendo vc parar de prestar atenção no filme e se perguntar "uadarréu?"