Confiar

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Que surpresa este Confiar! Estava totalmente com o pé atrás, mas mais uma vez aprendi que não se deve julgar o disco pela capa… ou, neste caso, o filme pela sinopse.
Veja se não tinha tudo para dar errado. Com direção de David Schwimmer (o Ross, da série Friends – ele já dirigiu Maratona do Amor), o longa trata de uma família que enfrenta problemas quando Annie, a filha de 14 anos, conhece seu primeiro namorado pela internet. Após meses se comunicando online e por telefone, Annie descobre que a pessoa que se passa por um garoto é, na verdade, um homem bem mais velho, e supostamente, um maníaco sexual.
Já imaginei aqueles filmes com sequestro, violência, agressões, sangue. E com o Ross na direção, tudo isso misturado a água com açúcar. Que nada! Muito diferente. Roteiro – de Andy Bellin and Robert Festinger – que não deixa desgrudar os olhos da tela. O filme é uma séria discussão sobre abuso sexual. Depois de assistir, percebi que há detalhes que ficaram fora da sinopse. E por isso o filme parece comum, o que, definitivamente, não é.
O adulto que se encontra com Annie é um pedófilo profissional. Mas tire da cabeça a imagem de um bandido feio, com barba por fazer, olho esbugalhado. Não, ele é aparentemente um sujeito comum… sedutor, mas externamente comum. Em momento algum ele usa a força, e nem precisa, já que sabe como conquistar uma adolescente. E não é com bala ou doce.
Fica claro que, por mais que os pais sejam corretos e tentem ficar atentos ao comportamento dos filhos, há brechas na vida de qualquer um. E nestes espaços os bandidos “profissionais” entram.
Não há aquele típico pai revoltado, que sai matando todo mundo, estilo Mel Gibson. Clive Owen é Will, um pai desesperado, mas sem saber o que fazer. Catherine Keener é Lynn, a mãe que quer esquecer o acontecido. E Liana Liberato é a adolescente, que dá um toque genial à trama. Ela acredita piamente que não foi violentada sexualmente. Quer que suas fantasias sejam reais. Acredita mais no violentador do que nos pais. E deixa toda a família sem “chão”.
Os atores estão ótimos. E há cenas geniais, como quando Will (o pai) conta o acontecido para seu chefe. A reação do chefe é, até certo ponto, esperada. E isso mexe com o espectador. E o final? Magistral. Até mesmo depois dos créditos vale assistir.
Aqui no Brasil a obra é proibida para menores de 16 anos. Deveria ser o contrário: obrigatória para menores de 16! E para todos os pais.
Afinal, violência sexual não precisa ser agressiva, brutal ou selvagem.
Confiar / Trust
CLASSIFICAÇÃO: PARE TUDO E VÁ VER!
Ficha técnica:
Direção: David Schwimmer
Elenco: Liana Liberato, Clive Owen, Catherine Keener, Noah Emmerich e Viola Davis
Gênero: Drama
Duração: 106 min.
Ano: 2010