À Procura de Eric
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Não se trata de um filme ruim. Ruim é ralar os joelhos andando de patins, abrir a caixa de bombons e ver que só sobrou o de banana, levar um fora, bater o dedinho no pé da cama. Essas são coisas bem ruins. Já o filme…o filme é péssimo. E assistir a um péssimo filme em casa dá o trabalho de estender o braço e apertar o eject, no cinema, a angústia de um tempo desperdiçado, mau humor absurdo e, pior, sem cigarro pra consolar. Corajosa, sofri bravamente até o fim, sem arredar pé. Divido com vocês agora a epopéia de sensações que me levaram a acreditar que não entendo nada de cinema, já que o filme é recheado de críticas positivas.
Astro do Manchester United nos anos 90, o francês Eric Cantona, co-autor do filme, simboliza o vetor principal de uma história de desencontros familiares, amorosos e pessoais. Conduz a esperança e a perspectiva de uma vida melhor para o carteiro Eric Bishop, que sofre de ataques de pânico e leva uma vida medíocre e solitária.
O carteiro, que fuma seus baseados ao final do dia pra conseguir encarar o caos da casa e a falta de relação com os enteados, tenta superar um amor de mais de 30 anos por Lily, mãe de sua filha. Sozinho, devaneia e fala com o poster afixado na parede daquele que foi por toda a vida seu maior ídolo, o jogador Cantona.
E pra mim é mais ou menos aí que o filme começa a perder sentido. O poster que se materializa, os conselhos enfadonhos do astro do futebol, o paralelo entre os campos e a vida (na minha opinião mal explorados), os diálogos. Acho que a multipluralidade de assuntos também é fator determinante para explicar a falta de aprofundamento em qualquer coisa. Fala-se de tudo, ensaia-se uma crítica social, violência, rotina, uma vida sem sonhos e permeada de desilusões, drogas e por aí segue.
A história não comove, as atuações tampouco. Mesmo as tentativas de comédia são bem fracas e pouco atrativas. Ri mais da minha situação ante aquela baboseira toda do que do filme em si. Mas fiquei até o fim por pura curiosidade. Pra saber onde ia parar aquela loucura toda. E para a minha surpresa a parte final do filme chega a ser quase cômica. Não sei se pelo mal humor das duas horas anteriores, consegui no máximo sorrir. Talvez por perceber que o filme estava mesmo acabando…
Acredito que havia mesmo ali uma história bacana a ser contada e acredito ainda que grandes filmes nem precisem de histórias tão bacanas assim para serem muito bons. Basta um olhar interessante. Pra encerrar a patifaria, o final é feliz. Acreditem, não estraguei o filme, ele faz isso sozinho.
Ficha Técnica:
À Procura de EricLooking For Eric
Reino Unido / França / Itália / Bélgica / Espanha, 2009 –
116 min
Drama / Comédia
Direção:Ken Loach
Roteiro:Paul Laverty
Elenco:Steve Evets, Eric Cantona, Stephanie Bishop, Gerard Kearns, John Henshaw
CLASSIFICAÇÃO: ESPERE A SESSÃO DA TARDE (durma se puder)
É o melho relato já deixado aqui no blog… to rindo sozinho. Muito bom…
O bombom de banana que sobra, e é sempre ele, é uma lástima. Se esse filme é pior, Deus nos socorra.
Vou passar longe nas locadoras. E pior é que tem um selo de Cannes na capa!