Machete

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Duca

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Imagine aquela voz gutural, que vem lá do fundo, rouca. Aquela que surge nos melhores trailers. Agora, coloque-a neste texto: “Ele conhece as regras. Ele conquista as mulheres. Ele mata os homens maus. Ele é… MA – CHE – TE”. Aí o filme começa. E realmente ele conhece as regras, conquista as mulheres (as lindas) e mata os maus (e as más). Ah, e, sim, o nome dele é Machete. Simples, objetivo… e ótimo!

O mais recente filme do diretor e roteirista Robert Rodriguez é desta forma. Machete, sensação da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em 2010 e um dos mais violentos filmes dos últimos anos, apresenta um elenco estrelar em papéis simples, satíricos, muuiiittttooo filme “b”. Robert De Niro, Steven Seagal, Jessica Alba, Lindsay Lohan e Michele Rodriguez (não é parente do diretor – estourou em Velozes e Furiosos) formam um time de peso, todos mandando muito bem.

O diretor Rodriguez diz que Machete inventou os filmes “mexploitation” – um filme B na linha dos “exploitation” da década de 1970, mas que explora a cultura texo-mexicana. Ele está certo! É um aglomerado de cenas já conhecidas, mas filmadas ao extremo, com muito sangue, mulheres peladas e tiros, tudo isso acompanhado de americanos do Texas e mexicanos. O espectador sabe o que virá na cena, mas ela vem forte, e com humor.

Longe de ser uma comédia. Nada disso! É um filme divertido, mas não para rir. É divertido por ser satírico, em um tema sério. Na trama, o renegado Machete (apelido devido a um tipo de facão que usa para matar), ex-policial federal mexicano, depois de ser caçado pelo chefão do tráfico Torrez, vaga pelas ruas do Texas e é forçado a aceitar uma proposta para assassinar o senador McLaughlin, ícone dos conservadores que querem fechar a fronteira dos Estados Unidos aos “ilegales”. O acerto se revela uma arapuca e na fuga Machete encontra refúgio em uma rede clandestina de mexicanos.

“Os personagens não ligam que a fronteira seja fechada para imigração. O que está em jogo é o fato de drogas não poderem mais ser traficadas. E é essa a piada do filme, a ganância. Tudo vem da corrupção, que é o grande problema – e não a imigração”, disse Rodriguez no lançamento do filme, em 2010.

Visto pelo diretor como um herói latino (“A polícia não faz nada! Só um Machete poderia resolver a questão”), o personagem faz parte de seus projetos desde 1995, mas só ganhou fôlego para ser filmado em 2007, quando foi incluído como um trailer fictício no filme “Planeta Terror”, que já postei por aqui, homenagem de Rodriguez ao cinema “b” setentista (ele filmou Planeta Terror em um projeto com Quentin Tarantino, que fez À Prova de Morte, que a Má Sampaio descreveu aqui no começo de 2011). Era trailer, mas para mim ficou melhor que o filme principal de então (e bem melhor que o de Tarantino).

“Fizemos (o trailer) e não era apenas o Danny Trejo (que interpreta Machete, no trailer e no filme) me ligando para viver o personagem, mas também os espectadores me cobrando. Já pensava na história desde ‘A balada do Pistoleiro’. Era uma boa ideia, até óbvia”, contou Rodriguez.

Num elenco de astros, a escolha do quase desconhecido Danny Trejo (em destaque no cartaz) como protagonista é o grande acerto. O ator de origem mexicana e passado conturbado (problemas com drogas o levaram a passar parte de sua adolescência atrás das grades) sempre foi escalado para personagens secundários e já fez mais de 90 filmes, sendo que em boa parte deles interpretou um vilão, como em Um Drink no Inferno (como Razor Charlie) e Anaconda (Poacher). Machete, o personagem, é um cara simples, do povo. Ele é cativante, carismático, mas não poderia ser bonito. Na mosca!

Trejo relatou que, antes mesmo do filme ser um projeto em andamento, o culto ao personagem já era grande. “Uma vez fui a Londres, e dois caras chegaram pedindo que eu autografasse suas costas. Achei estranho, mas quando eles tiraram as camisetas, tinham tattoos com a cara do Machete, maiores que uma Virgem de Guadalupe. E eles pediram que eu autografasse em cima, para que tatuassem meu nome. No mesmo dia liguei para Robert e disse: ‘cara, temos de fazer este filme, e temos de fazê-lo bem! E acho que ficou bem próximo mesmo do que era mostrado no trailer”.

Apesar de cultuado, Machete não é um filme para todos os gostos. Mas vale muito. Entre no clima, pense na década de 1970, vá com expectativa em assistir a um filme “b”. E se delicie com uma obra diferente, das melhores.

Machete / Machete

CLASSIFICAÇÃO: DUCA

Ficha técnica:

Duração: 107 min.
Gênero: Ação
Ano: 2010
Direção: Robert Rodriguez e Ethan Maniquis
Roteiro: Robert Rodriguez e Álvaro Rodríguez
Elenco: Danny Trejo, Jessica Alba, Michelle Rodriguez, Steven Seagal, Robert De Niro, Jeff Fahey, Lindsay Lohan, Don Johnson, Cheech Marin, Nimród Antal e Daryl Sabara

Categorias: Ação
Tags: Machete

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Comentários

  1. Camila
    Camila 9 maio, 2011, 21:03

    MELHOR FILME QUE JÁ VIIIIIIIIIIIIII!!! Hahahahahahahah. Absolutamente SENSACIONAAAAL! A cena que ele tá no hospital e usa tripa de corda é a minha favorita!

  2. Renata Santos
    Renata Santos 9 maio, 2011, 02:26

    Não me convenceu, não vi, não gostei e nem pretendo ver.

  3. Marcelo
    Marcelo 4 maio, 2011, 15:24

    Hilariamente divertido, só os 15 minutos finais que cansa um pouco, vc nota que a situação é meio tipo "viu, esgotamos as ideias de assassinatos criativos e a gente tem que acabar o filme, então vamo com isso".

    e lembre-se: Machete… don´t text!

  4. Danilo Vicente
    Danilo Vicente Author 4 maio, 2011, 14:53

    Você vai gostar, Marina. Talvez ache que tem pouco sangue (tem muito, pode acreditar), mas vai gostar.

  5. Ma Sampaio
    Ma Sampaio 4 maio, 2011, 14:20

    Nossa senhora eu li muito tensa esse post! rsrsrs..
    Não vejo a hora de ver, pelo q percebi é excelente!

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