Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
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Pintou o campeão. Ainda não assisti a todos os filmes concorrentes ao Oscar em 2015, mas “Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)” está mais do que no páreo para abocanhar a estatueta. É meu favorito até o momento. Filmaço!
O mexicano Alejandro Iñárritu já é figurinha carimbada de Holywood. Com Amores Brutos, 21 Gramas e Babel, entrou para um seleto time de diretores bem conceituados (ainda fez o muito bom Biutiful). Agora chega a seu esplendor. Não só ele. É a obra máxima de grande parte do elenco, cheio de estrelas já consagradas, mas que alcançam seus melhores papeis agora.
Estão lá Michael Keaton, Emma Stone e Zach Galifianakis em papéis difíceis. Os dois primeiros são pai e filha, ele um ex-ator de cinema, famoso por interpretar um icônico super-herói chamado Birdman, que monta uma peça na Broadway para tentar reconquistar glórias passadas. Ela virou assistente dele, uma faz-tudo, após sair de uma clínica de reabilitação de drogas. Ambos são melancólicos, mas com algo que os mantêm vivos, alguma vontade lá no fundo da alma.
Galifianakis (de Se Beber Não Case) em um papel sério tira todas as dúvidas de que é bom ator. Como produtor da peça teatral, é quem consegue ter alguma sanidade em meio a tamanho desvario.
A trama se passa no transcorrer de três dias, em que o ex-Birdman lida com problemas com a família e a carreira. É provavelmente sua última chance de reconhecimento pelo talento – isso, claro, se ele tiver talento.
O diretor Alejandro Iñárritu dá um show, mantendo toda a história praticamente dentro de um teatro. Os planos sequência são sensacionais, gerando intimidade e uma aflição na plateia. A Cãmera segue os personagens por minutos. Por vezes se perde, como se fosse um espectador.
Fica óbvia a ligação entre Birdman e Batman na vida de Michael Keaton (ele viveu o homem-morcego em dois filmes de Tim Burton). Iñárritu disse que fez o personagem para ele. Ponto para o diretor! O longa parece ser para Keaton a peça que seu personagem vive no filme.
A acertada escalação ainda tem Edward Norton como Edward Norton. Na verdade, é um ator de teatro bem quisto pela crítica que chega à peça como estrela. O pior é que ele é realmente ótimo, apesar de soberbo. Naomi Watts complete a escalação como a atriz que pena por causa dos relacionamentos antigos.
E a edição de som exata? Há pouca música no longa, mas há som em quase tudo, por vezes na cabeça do protagonista, por vezes como definidor das cenas. Iñárritu brinca com a dúvida sobre a sanidade do personagem, que a todo momento ouve conselhos de seu alter ego homem-pássaro.
Repleto de diálogos sarcásticos, trata-se de uma crítica ao mundo dos artistas. É pelo reconhecimento que eles trabalham – mais, que eles vivem. Atores, produtores, crítica. A crítica profissional, inclusive, com seu ego inflado, toma um tapa na cara como jamais dado no cinema.
Um filme para pensar, que passa num segundo, viajando entre um mundo de fantasia e a realidade crua, com um ritmo acelerado que ressalta o roteiro e as atuações.
Até o estranho ´título é explicado na sequência final.
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) / Birdman or (The Unexpected Virtue of Ignorance)
CLASSIFICAÇÃO: PARE TUDO E VÁ VER!
Ficha técnica:
Direção: Alejandro González Iñárritu
Ano: 2015
Gênero: Drama
Elenco: Michael Keaton, Emma Stone, Edward Norton, Zach Galifianakis, Naomi Watts, Amy Ryan e Lindsay Duncan
Duração: 119 min.
Roteiro: Alejandro González Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris e Armando Bo
Produção: Alejandro González Iñárritu e Arnon Milchan