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Sabe aqueles filmes “cabeça”? Não, não estou me referindo a filmes pseudo-cabeça, que pretendem ser inteligentes. Estou, sim, falando sobre aqueles que realmente nos fazem pensar, nos transmitem uma ideia, uma mensagem… deixam a pulga atrás da orelha. Equus é assim.
Como são bons os filmes da década de 1970! De 1977, Equus é uma adaptação de peça teatral inglesa homônima. Aborda a relação de um adolescente de 17 anos e seu psiquiatra. O rapaz chega ao hospital psiquiátrico depois de cegar seus cavalos, enfiando um pedaço de ferro nos olhos dos animais.
Qual o motivo dele ter feito uma atrocidade dessas? Por que ele não responde ao tratamento? Por que contra cavalos? Os pais têm algo a ver ou a culpa é toda dele? Onde a religião extremada pode levar? São perguntas lançadas… mas que apenas preparam terreno para o que virá.
Equus é, sobretudo, sobre a loucura. O que torna uma pessoa louca? Quem são os chamados “loucos” – eles ou os ditos “normais”? Os loucos são mais felizes? Todos somos loucos?
O dramaturgo Peter Shaffer, autor da peça e roteirista do filme, se definiu desta forma: “não quero classificar, nem ser classificado pelos outros …”. Percebe-se isso em sua obra. Neste filme, cada um tem sua conclusão, sua classificação. É dele a também famosa peça Amadeus, outra que foi aos cinemas.
O rapaz de 17 anos é Allan Strang (interpretado por Peter Firth, que venceu o Globo de Ouro de Coadjuvante com a obra). Ele é ambíguo, atormentado e multifacetado. Só podemos tentar definir sua personalidade com o fim da história. Aliás, ponto para o diretor Sidney Lumet, que, segundo críticos, conseguiu o mesmo “clima” da peça. Suas pequenas adaptações prendem o espectador sem revelar os segredos.
O psiquiatra Martin Dysart (magistralmente interpretado por Richard Burton, que também ganhou o Globo de Ouro, mas como protagonista), envolto em suas reflexões e dificuldades na vida, vê o adolescente Alan como uma das poucas pessoas que tiveram o privilégio da verdadeira capacidade de viver uma adoração de forma plena, e, portanto, sem necessidade de compaixão, mas merecedor de admiração e inveja.
Para mim, fica clara uma mensagem: todos temos uma loucura, menor ou maior. E esta loucura pode ser colocada para fora com apenas um clique, uma faísca que acende a chama. E, por isso, precisa ser controlada. Será?
Equus
CLASSIFICAÇÃO: DUCA
Ficha técnica:
Direção: Sidney Lumet
Roteiro: Peter Shaffer
Gênero: Drama
Elenco: Richard Burton, Peter Firth, Colin Blakely, Joan Plowright e Jenny Agutter
Duração: 137 min.
É verdade. Mas foi numa edição mais atual. A peça original é bem antiga, penso que da década de 1950.
Quem protagonizou esta peça foi Harry Potter, que ficou nu no palco.