O Cidadão Ilustre

O Cidadão Ilustre

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Em 2017 O Cidadão Ilustre foi a maior bilheteria no cinema da Argentina. Seu protagonista, Oscar Martinez, levou o prêmio de melhor ator no Festival de Veneza, na exibição de 2016. E o país vizinho indicou a produção para o Oscar. Não emplacou. Pena, pois o filme, disponível no Netflix, é excelente.

O longa é o típico produto da Argentina: pela qualidade de seu roteiro e por mostrar um país longe da Buenos Aires cosmopolita, que, evidentemente, é só parte da história.

Se geralmente as películas portenhas se restringem a histórias de família, pequenos dramas humanos e o horror da ditadura, O Cidadão Ilustre inova. Nele, um escritor vencedor do Nobel resolve voltar a Salas, sua cidade natal, quase 40 anos depois de “fugir”. E encontra uma situação tosca atrás da outra, em uma comunidade arraigada a valores do passado, na qual o sucesso de um significa a raiva de outros.

O ponto alto do longa é que Daniel Mantovani, o escritor laureado, tenta se adaptar à situação, por mais grotesca que pareça. Parece ter em mente a máxima de entender culturas diferentes (esta já não é mais a sua – ou talvez nunca tenha disso), suportando passeio em caminhão de bombeiro, uma miss em seu pé, valentões, golpistas…

Se há caricaturas de personagens no longa – como o ótimo prefeito vivido por Manuel Vicente -, Mantovani segue pelo caminho oposto. Ele é o mais realista dos personagens, algumas vezes direto, outras tolerante demais. Mas sempre humano.

É perfeitamente possível trocar a Argentina pelo Brasil em tela. E lá como cá há gente boa em todas as culturas. Gente boa, porém limitada. E que não fica a imagem de soberba.

“O filme não é somente sobre nossa mesquinharia. Nós (argentinos) também podemos ser generosos, apaixonados. Era importante que o filme não fizesse um só recorte”, disse o co-diretor Gastón Duprat, parceiro de Mariano Cohn, ao jornal O Estado de S. Paulo.

É verdade… há passagens que mostram valor entre os moradores de Salas. Mas, é preciso dizer, são bem poucas. E a mensagem que fica é que a falta de cultura é o motor para a ignorância (obviamente).

Se o roteiro é incrível, a qualidade de algumas gravações deixa a desejar. Mas isso pouco importa diante da história.

E como nasceu a cidade de Salas (que não existe na Argentina real)? “Não queríamos um lugar concreto real. Somamos características de várias locações possíveis. Foi a melhor maneira de retratar o todo sem pesar a mão com nenhuma parte, apenas”, completou o diretor Duprat.

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O Cidadão Ilustre / El Ciudadano Ilustre

CLASSIFICAÇÃO: DUCA

Ficha técnica:

Direção: Mariano Cohn e Gastón Duprat
Ano: 2017
Elenco: Oscar Martinez, Dady Brieva, Andrea Frigerio, Nora Navas, Belén Chavanne e Gustavo Garzón
Gênero: Comédia
Duração: 118 min.

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