O Segredo de Brokeback Mountain
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Obra de arte. Deixe para trás teorias e preconceitos, definições a respeito do amor, da solidão, da vida. O Segredo de Brokeback Montain remonta pra mim a definição perfeita de uma paixão idealizada, muito longe da vida real e talvez, e principalmente, por isso seja tão fascinante.
A polêmica em torno do filme de Ang Lee fez com que a crítica e a opinião pública se voltasse tão fortemente para a temática gay que acabaram deixando passar quase que despercebido o real sentido do filme. Não se trata de uma história de amor entre dois homens, mas do peso da vida, da rotina, das contas, da passagem do tempo, da frustração e da dificuldade de sermos e fazermos felizes.
O drama tem início quando os vaqueiros Ennis Del Mar (Heath Ledger) e Jack Twist (Jake Gyllenhaal) se conhecem durante um trabalho em Brokeback Montain. Sozinhos, ambos convivem diariamente e se revezam na tarefa de pastorearem ovelhas. A falta de comida, de pessoas, o clima instável e o trabalho sem graça aproxima os vaqueiros, numa paixão que nasce de uma relação sexual selvagem.
E se faltam diálogos, sobram expressões corporais e olhares. As óbvias demonstrações de afeto e carinho, aqui ficam escondidas sob a embalagem rústica e grosseira dos personagens. E a beleza do silêncio, que chega a incomodar muita gente, é brilhante. Nunca o silêncio falou tanto e tão alto.
A resistência aparente de ficarem juntos por todos os valores morais da época e da própria condição social de ambos acaba sendo vencida pelo sentimento arrebatador que um sente pelo outro. A impossibilidade de conversarem sobre isso faz com que ambos encarem a relação como uma amizade recheada de desejos sexuais. Admitir que estavam apaixonados seria uma carga pesada demais para dois personagens que sequer admitiam a possibilidade de serem homossexuais.
Brokeback se torna um mundo a parte, permissivo e único. Longe da vida angustiante, dos compromissos, dos traumas e da falta de perspectivas para o futuro. Lá, e somente lá, esse amor era permitido.
Quando o trabalho na montanha acaba, eles se afastam, sem sequer falarem sobre o que aconteceu. Ennis é claramente o que tem mais dificuldades em lidar com seus sentimentos. Sem conseguir admitir o amor, escolhe sofrer, calado e longe. Jack, por outro lado, se resigna diante do comportamento do amigo e também segue seu destino.
Quatro anos mais tarde, um cartão postal enviado por Jack os coloca novamente frente a frente. Casados, com filhos e morando em cidades diferentes, se encontram e descobrem que o tempo e a distância não conseguiram apagar o que sentiam um pelo outro. E é exatamente aí que dão início a uma relação que faz com que escapem do vazio de suas vidas medíocres para viverem momentos escassos e espaçados de felicidade.
Mesmo admitindo que o encontro em Brokeback estava muito além de um forte desejo sexual, nenhum dos dois consegue deixar para trás a vida que constituíram para enfrentar os olhares e o preconceito de uma sociedade completa e inteiramente intolerante. Por falta de coragem, decidem por uma vida de mentira e pagam, através dos anos, o preço de uma existência simples, silenciosa e vazia.
Os encontros, sempre nas montanhas de Brokeback, se tornam uma recompensa diante de dois casamentos falidos. Jack convive bem com a esposa Lureen (interpretada por Anne Hathaway), numa troca superficial e fria. Já Ennis, cuja esposa Alma (vivida por Michelle Williams, com atuação irretocável) flagrou um beijo entre o marido e seu suposto amigo, vive um inferno familiar. Alma optou por permanecer com o marido sem revelar o que vira e sofreu ao lado dele as misérias da vida que constituíram juntos.
O filme ganha um ritmo lento e enfadonha, na minha opinião essencial, já que é fiel a ausência de brilho do cotidiano dos personagens. A falta de ação chega a incomodar, assim como incomoda a falta de atitude das pessoas diante de uma vida tão sem graça.
Com as filhas mais velhas e definitivamente farta de viver sozinha, Alma decide se separar de Ennis e viver com outro homem. Sabendo da notícia do divórcio, Jack enxerga uma possibilidade de finalmente viver aquele amor. Mas o fato de agora ser solteiro, não faz com que Ennie decida se entregar. E ele opta por permanecer imerso em sua própria angústia.
Jack resolve então procurar outros homens e acaba sendo assassinado por homofóbicos. E é no momento de sua morte que Ennie consegue olhar para trás e perceber que chegara até ali completamente sozinho.
Foram anos se escondendo de um sentimento que fez com que ele se rebelasse, inclusive, com aqueles que faziam parte de sua vida. Não dera amor a esposa, não tinha qualquer intimidade com as filhas e agora perdera o único e verdadeiro amor que conseguira construir ao longo dos anos.
Drama comovente, que faz chorar pra valer gays, heteros, mulheres e homens. Afinal, quem nunca sentiu medo de arriscar? Quem nunca olhou para trás e se perguntou como teria sido? Viver dá um trabalho danado e ser feliz, diferentemente do que as pessoas apregoam por aí, não requer apenas coragem, mas feridas, por vezes, insuportáveis de tolerar.
Fotografia e atuações impecáveis, com destaque para Heath Ledger, que consegue se transformar num caipira perfeito, com sotaque e expressões fantásticas. O Segredo de Brokeback Mountain é filme de gente grande.
O Segredo de Brokeback Mountain/Brokeback Mountain
CLASSIFICAÇÃO: PARE TUDO E VÁ VER
Ficha Técnica:
Direção: Ang Lee
Roteiro: Larry McMurtry e Diana Ossana, baseado em estória de Annie Proulx
Elenco: Jake Gyllenhaal, Heath Ledger, Michelle Williams, Anne Hathaway, Randy Quaid, Linda Cardellini, Anna Faris, Scott Michael Campbell e Kate Mara
Categorias:
Drama
É um baita filme, assisti a primeira vez na globo nem sabia que falava de 2 cowboys se relacionando na montanha. Lindo é o que eles sentem, triste é medo de viverem juntos, tendo um final de tirar o sono.
Sou hétero e confesso, foi uma linda história de amor!
Quase preferi o post da Flavia ao filme (como eu sou puxa saco dessa moça desnaturada!!!). Infelizmente qq comentário q eu pudesse ter sobre o filme a Flavia disse, só me restar perguntar: onde eu assino???
Minha experiência com esse filme foi a mesma que tive com Leões e Cordeiros, lembra Rê? com a diferença que não tinha passado a noite anterior em claro…
É um filme bem tenso, daqueles de ver uma vez na vida e guardar.
Ah, a Anne tá bem, mas a Michelle Williams janta ela (é a melhor atuação dos quatro por sinal)
ELe não é apenas um drama de cowboys gays. Ele é um filme de amor, um drama sobre amor proibido, como Romeu e Julieta, Pontes de Madison etc. Infelizmente conduzido com a sonolência característica de Mr. Lee.
Flávia, nem invente. Continue escrevendo!!!! Mas melhorou sem entregar até como vêm os créditos.rs.
Pelo visto, eu, um cara ponderado e de bom gosto indubitável, é que terei de tirar a dúvida sobre a qualidade do filme.rs
Angels in America é bom, bem bom. Acho muito superficial tratar O Segredo de Brokeback Mountain como um drama de cowboys gays. Como disse, acho que está muito além disso. Sobre as atuações, acho que Anne Hathaway não convence… Mas de fato o elenco é brilhante. Acho um baita filme…
Desculpa, mas esse Ang Lee não me engana, não… Quase todo o elenco dá a melhor atuação da vida (exceto o Ledger, afinal, convenhamos, Coringa, né?), o mote é interessante, o McMurtry é o autor de Última Sessão de Cinema… e ele me entrega um sonolento filme panfletário de butique. Fique com Angels in America, a minissérie tem umas 4 horas de duração e em nenhum momento despenca. E sobre cowboys gays, ninguém supera Ben-Hur!
Gente, eu conto o filme todo. Me empolguei e estraguei o filme… ahahahahahahahahah. Não me deixem mais escrever, por favor. Logo eu que detesto ler até sinopse… Ai, ai, ai.
Tirei. Exagerei mesmo… Isso não compromete, mas mesmo assim… Sorry!
Nunca tive vontade de ver. Sempre me pareceu longo. Mas vou tomar coragem e acreditar na sua opinião.
Mas… Nao precisava contar ate a cena final, ne?!?!?!