O Farol

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O Farol tem todas as credenciais de um filme alternativo. Em preto e branco, com enquadramento quadrado (não retangular), traz Willem Dafoe, o ator de Hollywood que notoriamente se arrisca, em um enredo vivido no fim do século 18, retratado por uma fotografia esplendorosa de uma ilha praticamente deserta. A presença de Robert Pattinson pode parecer um desvio nesse caminho, mas não. É com ele que a história de terror ganha relevância e se segura à realidade enquanto todo o entorno passa a ser surreal.

Lembrar de Pattinson por Crepúsculo é inevitável. Porém, o ator tem construído um caminho com filmes fora do circuito blockbuster, como Lembranças e Cosmópolis. Em O Farol, vive um faroleiro assistente Ephraim Winslow. Seu chefe, Thomas Wake (Dafoe), é experiente, conhece os macetes, e já de início deixa claro que ali o manual de regras não é o escrito, mas, sim, o determinado por ele. Por 4 semanas os dois terão de arrumar um jeito de não se matar.

Filmado no Cabo Forchu (Canadá), o longa foca nos dois personagens, em diálogo após diálogo se aproximando e se afastando. Diálogos, aliás, por vezes arcaicos, no “escilo marinheiro”. São dois deserdados largados à própria sorte. Um terceiro personagem é tão importante quanto os dois humanos: o ambiente. É ele que define muito dos comportamentos dos faroleiros: o isolamento determinado pelo mar em volta, o nevoeiro, as tempestades, o barulho constante, seja dos pássaros ou seja de máquinas.

São muitas cenas fortes. A vida do novato Winslow passa a ser um tormento. E cresce nele o desejo de acabar com o sentimento. Em um dos momentos mais impactantes, ele destrói uma gaivota. E dá início à virada no filme, quando o surrealismo avança.

Entram em cena uma sereia, uma cabeça humana, sonhos, desespero. Fezes, urina e fluidos corporais se misturam ao crescente desespero. É o horror que o diretor Robert Eggers, do aclamado A Bruxa, entrega sem explicar. As cenas pipocam na tela.

É o estilo dele, que chama atenção de quem está assistindo, mas que também confunde. O surrealismo está ali para sinalizar algo maior, para mostrar quão difícil é a convivência humana, seja em uma ilha seja em um quarto. Mas enquanto os dejetos humanos fortalecem a narrativa da sujeira se avolumando, fica fora de contexto, por exemplo, a ambiguidade sexual dos personagens, entre eles ou não.

É, ao final, um filme alternativo, sim. Um filme que dá alternativas de pensamento ao espectador.

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O Farol / The Lighthouse

CLASSIFICAÇÃO: VALE O INGRESSO

Ficha técnica:

Ano: 2019

Duração: 109 min.

Direção: Robert Eggers

Gênero: Terror

Roteiro: Robert Eggers, Max Eggers

Elenco: Robert Pattinson e Willem Dafoe

Tags: O Farol

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