Olhos Azuis – Um Duelo na Fronteira
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Filme brasileiro com atores americanos, argentinos e, claro, brasileiros, interpretando, além de pessoas destas nacionalidades, cubanos, hondurenhos e descendentes de mexicanos e irlandeses. Todos fechados em uma pequena sala da imigração em um aeroporto nos Estados Unidos. Olhos Azuis – Um Duelo na Fronteira, essa Torre de Babel cinematográfica, funciona e mostra que é possível fazer um thriller-denúncia brasuca.
São duas histórias paralelas, muito bem montadas. A primeira é sobre o último dia de trabalho de Marshal (David Rasche, de Queime Depois de Ler e Manhattan), chefe do departamento de imigração do aeroporto JFK em Nova York. Ele está se aposentando e resolve se “divertir” bebendo uísque e complicando a vida de alguns latinos que desejam entrar nos Estados Unidos. Entre eles encontra-se Nonato (Irandhir Santos – o defensor de direitos humanos em Tropa de Elite 2), dois poetas argentinos, uma bailarina cubana e um grupo de lutadores de Tae Kwon-Do hondurenhos. Acompanham Marshal dois uniformizados – uma mulher negra e um descendente de mexicano. O próprio Marshal é descendente de imigrantes, irlandeses.
A história que corre em paralelo é com Marshal dois anos depois, já no Brasil, em Recife. Ao procurar uma menina, conhece a prostitua Bia (Cristina Lago). Os dois saem em uma jornada de redenção atrás da criança.
O filme é pouco sutil na crítica ao preconceito contra imigrantes. E neste caso ficou ótimo. Está lá, na cara de todos. Logo no começo, por exemplo, a colega mulher de Marshal agradece por ter sido acolhida sob a asa do durão “mesmo sendo negra e mulher”. “Graças a Deus não sou muçulmana!”, ela brinca, com um toque de papo sério, sem saber o que aconteceria até o fim do dia.
Toda a ação se passa em curto espaço de tempo. Na Imigração, em um dia. O plano é sempre fechado, e o clima é tenso. No Brasil, em quatro ou cinco dias, aí com um ambiente mais leve, mas nem por isso sem uma certa tensão. O pecado é a parte final, quando o brasileiro na Imigração tem seu fim. É algo pouco provável, parece-me que feito para dar ação ao filme. Poderia ter o mesmo destino sem a “revolta” – que é cabível, mas sua reação é, repito, pouco provável, apesar de possível.
O diretor José Joffily (de Quem Matou Pixote?) disse, ao lançar o filme, que pouco sabia sobre o protagonista americano David Rasche. Mas acertou em cheio. Ele e Irandhir Santos são ótimos, a base do filme, que ainda conta com boas performances (Bob, o colega da imigração de Marshal, o único com certa consciência, também vai bem interpretado por Frank Grillo).
O assunto, que depois de 11 de setembro de 2001 virou paranóico, chegou ao diretor Joffily 10 anos antes, quando um amigo seu teve entrada nos Estados Unidos negada. Em três meses a pessoa lhe contou detalhes das 30 horas (!!!) em que foi riscada da lista de permitidos pelo Tio Sam.
Há pontos curiosos no filme. Além da clara satirização dos preconceituosos – o “irlandês” Marshal e a negra e mulher colega dele -, que são contra preconceito apenas na palavra, há toques de ironia. Os bandidos são argentinos, que torcem para o brasileiro honesto se ferrar. O machão americano Marshal é comandado, sem perceber, pela prostituta brasileira na passagem pelo Brasil. A cubana adora Fidel Castro e dá um baile nos membros da imigração. E, claro, o fim… os tais olhos azuis.
Olhos Azuis – Um Duelo na Fronteira
CLASSIFICAÇÃO: DUCA
Ficha técnica:
Duração: 110 min.
Direção: José Joffily
Roteiro: Paulo Halm e Melanie Dimantas
Produção: José Joffily e Heloísa Rezende
Elenco: David Rasche, Irandhir Santos, Cristina Lago, Erica Gimpel, Frank Grillo, Valeria Lorca, Pablo Uranga, Branca Messina, Hector Bordoni, Everaldo Pontes, Zezita Matos e Fernando Teixeira
Vou ver sim.
Esse filme já está na minha lista dos "para assistir".
Vai fundo, Debora. É bacana.
hmm parece interessante..