Baarìa – A Porta do Vento

Baarìa – A Porta do Vento

Rating

4 out of 5
Duca

Total

4
4 out of 5

Há artistas que ficam marcados por uma obra. São aquelas obras-primas, que deixam todos embasbacados. De início, isso é ótimo. Mas depois, por toda a carreira, eles têm de aguentar a comparação. E claro que esta comparação é cruel, pois não é todo dia que nasce uma pintura como Juízo Final, de Michelângelo, um livro como A Sangue Frio, de Truman Capote, uma música como Rock And Roll All Night, o hino composto pelo Kiss. Assim também é no cinema: prova disso é este Baarìa – A Porta do Vento (esta crase no “i” é do nome original), de Giuseppe Tornatore.

É um belo filme, com todo o estilo de Tornatore posto à prova. Estão lá os italianos sempre emotivos, o drama expressivo de todos os personagens, a linda música de Enio Morricone, as referências a clássicos do cinema. Só falta o Totó, protagonista de Cinema Paradiso, de 1988. E esse é o problema. O filme fica longe da obra-prima de Tornatore. Mas e daí? Nem por isso transforma-se em uma porcaria, muito pelo contrário.

Rode a internet. É fácil encontrar as muitas críticas ao filme e difícil encontrar os raros elogios. Tudo o que era positivo em Cinema Paradiso agora virou negativo em Baarìa. “O filme é uma tragédia só”; “o fascismo não é aprofundado; “não se define se é comédia ou drama”; “é um realismo fantástico”; “Tornatore bate com uma mão e adula com a outra”; “os italianos são muito ‘italianos’”… “blá, blá, blá”.

Baarìa é outro filme, não é Cinema Paradiso. Se não houvesse a obra-prima anterior, este seria um sucesso de crítica. Claro que há muita gente que não gostou porque simplesmente não gostou. E aí entendo perfeitamente. O que não concordo é menosprezar um belo filme porque algum outro do autor é melhor.

Não é demais dizer que Tornatore é o maior diretor italiano de sua geração, o que é comprovado por uma carreira brilhante. Além de Cinema Paradiso e Baarìa, há Malena, Estamos Todos Bem, O Homem das Estrelas, A Lenda de 1900 e A Desconhecida. São pedidas rotineiramente acertadas, raramente erradas.

Usando a sinopse do filme, Baarìa é assim: durante o período fascista, Cicco é um humilde pastor (de ovelhas) que encontra tempo para exercer sua paixão: livros, poemas épicos e grandes e populares romances. Enquanto as pessoas passam fome durante a Segunda Guerra Mundial, seu filho, Peppino, testemunha injustiças e descobriu uma paixão pela política. Após a guerra, o destino faz com que Peppino encontre a mulher de sua vida, o que leva a uma relação desaprovada por todos, recheada pela paixão dele pelo comunismo.

Sem que Tornatore assuma, é o retrato da vida de sua família. Um dos filhos de Peppino (o filme conta uns 50 anos de história) é um menino apaixonado por fotografia e tem todo o perfil do agora diretor e roteirista. Baarìa é uma gíria siciliana para designar a Bagheria, onde nasceu Tornatore, e quer dizer “porta do vento”, vindo do árabe Bab el Gherid, ou do termo fenício Baharia.

No melhor estilo italiano, a obra foi rodada em um enorme set, em cenário construído na Tunísia, com até cerca de 35 mil figurantes. Custou 26 milhões de euros. É a maior produção de Tornatore, o filme que, segundo ele diz, sempre quis fazer.

Se a intenção é assistir a um filme “fácil”, esqueça. Tive de rever o começo para entender o fim. E depois ainda fui à internet para entender algumas “pegadinhas” (por sinal, muito curiosas). Mas nem por isso me decepcionei. Esqueça por 150 minutos Cinema Paradiso. Aposte em Baarìa!

Obs: sim, Rock And Roll All Night é o hino do rock!

Baarìa – A Porta do Vento / Baarìa

CLASSIFICAÇÃO: DUCA

Ficha técnica:

Direção: Giuseppe Tornatore
Roteiro: Giuseppe Tornatore
Duração: 150 min.
Elenco: Francesco Scianna, Margareth Madè, Nicole Grimaudo, Ángela Molina, Lina Sastri, Enrico Lo Verso, Nino Frassica, Monica Bellucci e Raoul Bova
Fotografía: Enrico Lucidi
Música: Ennio Morricone
Gênero: Drama
Ano: 2009

Categorias: Drama

Sobre o Autor

Comentários

  1. Ana Lucia Venerando
    Ana Lucia Venerando 18 março, 2011, 19:52

    Realment, o filme é bem teen. Mas é engraçado. A mãe do garoto Jeremy é completamente maluca.

    E vou atrás do livro sim.

  2. Danilo Vicente
    Danilo Vicente Author 18 março, 2011, 17:30

    Ana, vi Detroit Rock City. Hummm… bacaninha, né? Mas um tanto adolescente. Uma dica: leia o livro do Kiss, chamado Kiss – Por Trás da Máscara. Muito bom.

  3. Ana Lucia Venerando
    Ana Lucia Venerando 18 março, 2011, 17:17

    Danilo:

    Gostei da citação do Kiss – Rock And Roll All Night.

    Não sei se você viu o filme "Detroit Rcok City"

    È um filme bem engraçado.

Escreva um Comentário

Seu endereço de e-mail não será divulgado.
Campos obrigatórios*