Divórcio à Italiana
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Estou em uma fase de filmes antigos. Esta Terra É Minha, O Ovo da Serpente e, agora, Divórcio à Italiana. Este último, de 1961, é comédia, diferentemente dos outros dois. Mas da mesma forma é bom (apesar de os outros dois serem melhores).
Marcello Mastroianni comanda o elenco. Ele é o barão Fefé Cefalu, que não aguenta mais viver com a pegajosa esposa, Rosalia. Fefé se apaixona pela prima Angela, uma adolescente. Como o divórcio era impossível na Itália nos anos 1960, ele decide matar a esposa, mas com a artimanha de simular um adultério dela, o que o faria pegar uma branda pena na cadeia, pois, assim, teria “lavado a honra”.
O filme é um raro caso de vencedor de Oscar de Roteiro Original sem ser dos Estados Unidos. E, segundo o especialista Rubens Ewald Filho, isso não ocorreu em um ano fraco: Divórcio à Italiana concorreu com o Mariembad, Freud Além da Alma, Através de um Espelho, de Ingmar Bergman, e Carícias de Luxo, comédia de Doris Day.
Ainda no Oscar, o longa foi indicado para os prêmios de Ator (Marcello Mastroianni perdeu para Gregory Peck) e Direção (Pietro Germi, que perdeu para David Lean, por Lawrence da Arábia). Tem mais: em outros festivais, ganhou um prêmio melhor comédia de Cannes (também foi indicado à Palma de Ouro), levou o Globo de Ouro de Ator de Comédia/Musical e abocanhou o Bafta de Ator.
É uma típica comédia italiana, com os trejeitos e sabores da terra. O diretor Pietro Germi fez uma trilogia sobre amor e traição na Itália, com Seduzida e Abandonada e Confusões à Italiana depois deste.
Ao gravar o filme, Mastroianni estava no auge de sua fama, especialmente por causa do êxito mundial de A Doce Vida (La Dolce Vita), de Federico Fellini, lançado um ano antes, longa que provocou enorme escândalo na moralista Itália. Ironicamente, Divórcio à Italiana mostra a repercussão de A Doce Vida na Sicília, ou seja, temos um filme com Mastroianni apresentando outro dele.
Mastroianni estava acostumado a fazer dramas, mas neste funciona levemente na comédia, satirizando na medida certa a figura do nobre siciliano decadente, de bigodinho.
A atriz Daniela Rocca, que interpreta a esposa pegajosa, tem uma curiosa história de vida. Começou como Miss Catania, concorreu a Miss Itália e entrou para o cinema em 1955. Durante as filmagens, se apaixonou pelo diretor Germi e tentou se matar quando ele a rejeitou. Foi considerada mentalmente instável e, por isso, não teve mais grandes ofertas do cinema, passando a atuar em pequenos papéis. Internada em um santório, escreveu e publicou quatro livros. Morreu em 1995, ainda nova, aos 57 anos, em um retiro em Milo, perto de sua Catania.
Divórcio à Italiana / Divorzio all’Italiana
CLASSIFICAÇÃO: VALE O INGRESSO
Ficha técnica:
Elenco: Marcello Mastroianni, Daniela Rocca, Stefania Sandrelli, Leopoldo Trieste, Odoardo Spadaro, Ugo Torrente, Margherita Girelli, Angela Cardile, Lando Buzzanca e Pietro Tordi
Ano: 1961
Duração: 108 min.
Direção: Pietro Germi
Gênero: Comédia
Roteiro: Ennio de Concini, Pietro Germi e Alfredo Gianett