A Fraternidade é Vermelha

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O diretor e roteirista Krzysztof Kieslowski decretou: “é um filme sem gênero definido. Cabe ao público decidir se é drama, suspense, romance…”. A Fraternidade é Vermelha realmente é assim. Cabe a quem assiste interpretar o filme como achar melhor. É a parte final da Trilogia das Cores, depois do drama A Liberdade é Azul e da comédia A Igualdade é Branca. Os outros já são muito bons. Mas este é o melhor dos três.
Uma modelo (Irène Jacob) atropela o cão de um juiz aposentado (Jean-Louis Trintignant), que tem o estranho hábito de ouvir as conversas telefônicas de seus vizinhos. Este é o fato que desencadeia uma singular amizade. Ao mesmo tempo (será?), a modelo tem um vizinho advogado, apaixonado pela namorada. Ele e a modelo (quase) nunca se cruzam, ficam sempre no “quase”.
Para quem jamais viu um filme da trilogia, segue um conselho: assista na ordem cronológica, primeiro o Azul, depois o Branco e por último o Vermelho. Kieslowski vai, ao longo dos três, juntando peças e coincidências. É o tal do “acaso” que une os personagens. A cena mais marcante é a da velhinha que sempre tenta jogar o lixo em um enorme recipiente de reciclagem. Há três ângulos de visão, um para cada filme. Mas há muito mais: encontros no tribunal, inícios sempre “subterrâneos” (embaixo de algum objeto) e… o fim. Ah, o fim.
É neste A Fraternidade é Vermelha que chegamos ao fim da trilogia. E que inteligência de Kieslowski! Há a metáfora da Europa afundando, mas com a esperança de países sobreviverem (os filmes são da década de 1990, mas parecem atuais, não?). E ainda há o “acaso”, sempre ele, juntando os personagens de todos os três longas. E a foto com o fundo vermelho (no fim deste A Fraternidade…)?
O acaso é a ponto que Kieslowski investe. Sua trilogia é sempre com pessoas comuns, com vidas normais, mas mesmo assim com histórias para contar. É nisso que o diretor-roteirista aposta.
Se o Azul e o Branco eu classifiquei como “Duca”, este aqui só pode ter o máximo deste blog: PARE TUDO E VÁ VER! Sério, agora!
Ah, importante, três observações: os DVD têm ótimos extras, especialmente a entrevista com a professora Andréa França, que escreveu um livro sobre Kieslowski . Todos os três têm exatamente 95 minutos, exigência do diretor-roteirista. E para mim A Fraternidade é Vermelha é uma fantasia. Será?
A Fraternidade é Vermelha / Trois Couleurs: Red
CLASSIFICAÇÃO DO FILME: PARE TUDO E VÁ VER!
CLASSIFICAÇÃO DA TRILOGIA: PARE TUDO E VÁ VER!
Ficha técnica:
Direção: Krzysztof Kieslowski
Elenco: Irène Jacob, Jean-Louis Trintignant e Samuel Le Bihan
Gênero: Fantasia
Duração: 95 min.
Ano: 1994
Roteiro: Krzysztof Kieslowski e e Krzysztof Piesiewicz
Dos três, é o que tem a protagonista mais linda, mas é o mais fraco.