Esta Terra É Minha

Esta Terra É Minha

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De vez em quando encaramos uns filmes que dão medo. Pelo ano, pela sinopse, pelo cartaz… parece que veremos uma bomba. E como é bom sermos surpreendidos quando isso acontece! Esta Terra É Minha é de 1943 (não confundir com o homônimo de 1976), com atores hoje desconhecidos, preto e branco, sobre guerra. Tinha tudo para ser sonolento. Mas que nada. Dá até vontade de ver de novo e de saber mais sobre ele!

Trata-se de um filme com duas histórias ótimas, a por trás e a à frente das câmeras. O diretor é Jean Renoir, filho mais novo do célebre pintor francês Pierre-Auguste Renoir. Confesso: nunca imaginei que um filho do famoso Renoir tivesse se metido no cinema! Fui atrás de descobri que até François Truffaut o admirava. O homem nasceu em 1894. Imagine a mentalidade àquela época – era outro mundo. Ele decidiu fazer o filme para encorajar os Estados Unidos (onde o produziu) a entrar na Segundo Guerra Mundial, já que o país estava, digamos, tímido, e para denunciar a entrega da França aos nazistas. E fez um baita filme.

Curioso que o longa tenha sido produzido durante o seu tema, ou seja, ao longo da Segunda Grande Guerra. Ok, as produções brotavam dos dois lados do conflito, defendendo seus interesses. Mas este é diferente – claro que critica o nazismo, mas não é sobre tiros e assassinatos. A guerra está lá, mas vemos um enredo sobre coragem e maldade.

A história é de um tímido professor francês que prefere não se indispor com os ocupantes nazistas em seu país. Logo no início sabemos que se trata de “qualquer país da Europa”. O professor quer apenas continuar sua vida cotidiana, cuidando da mãe e alimentando a paixão platônica por uma colega de escola (vivida por Maureen O’Hara). Mas com o mal nazista aflorando o professor é obrigado a tomar posição.

Na primeira cena vemos um monumento em homenagem à Primeira Guerra Mundial. Está escrito: “1914 – 1918 – Em memória àqueles que morreram para trazer paz ao mundo”. No fim do filme vamos entender a mensagem. A morte está nas duas pontas.

Arrisco-me a escrever que há duas cenas das mais antológicas do cinema: quando o professor resolver se defender na Justiça (é acusado de um assassinato) e quando ele volta a dar aula. Incríveis, só com palavras, nada mais.

É claro que o filme tem o grande mérito de contar com um protagonista de primeira linha. Charles Laughton interpreta o professor. Sabe aquele tipo que você não dá nada mas que de repente é um trovão? O quietinho que se revela? É ele.

O filme tem algumas falhas de continuação, como a passagem que o diretor da escola se diz um solteirão convicto. Em seguida sabemos que ele tem um filho e é casado. Mais: por que ele entrega seu filho para ir à escola com o professor? Que leve ele, afinal é o diretor do colégio! Mas sem problema, não são absurdos diante do filme todo.

Pode-se opinar que o filme é cheio de clichês e discursos um tanto “populistas”. Já vejo por outro lado. Para mim, ele lembra que há limite para tudo. E que é preciso conhecer este limite.

Esta Terra É Minha / This Land Is Mine


CLASSIFICAÇÃO: DUCA


Ficha técnica:
Direção: Jean Renoir
Ano: 1943
Gênero: Drama
Duração: 103 min
Elenco: Charles Laughton, Maureen O’Hara, George Sanders, Kent Smith, Thurston Hall,Walter Slezak, Una O’Connor, Nancy Gates, George Coulouris e Philip Merivale

Categorias: Drama

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