Raul – O Início, o Fim e o Meio

Rating

3.5 out of 5

Vale o ingresso

Total

3.5

3.5 out of 5

Raul – O Início, o Fim e o Meio tem 130 minutos de duração. Não é pouco. Mas é um tempo que deixa a impressão de que Raul Seixas foi muito grande para um documentário com pouco mais de duas horas.

Bem produzido, o filme coleta uma centena de entrevistas, desde os amigos de adolescência até o dentista que lhe consertou os dentes no fim da vida. Suas três filhas estão lá, assim como a tentativa de entrevistas todas as suas esposas (a primeira é a única a não falar e pede para sua filha ler uma carta à produção, devidamente registrada no filme). E, assim, aponta para um ícone da música brasileira único, revolucionário, até certo ponto anárquico, mas que convivia com problemas em casa, em seus cinco casamentos, e se afundou na bebida e nas drogas.

Um alerta sobre o filme vem das palavras de Paulo Coelho, seu mais famoso parceiro – e talvez não o mais importante, indica o documentário. O escritor, que viveu com Raul a fase mística dos anos 1970, diz que “Raul é mito” e, por isso,”não se conta a história de mitos”. Discordo. O próprio Paulo já teve sua história contada em livro. Conta-se, sim. Mas no caso de Raul fica o sentimento de “quero mais”.

Raul Seixas tem tantas músicas de alta qualidade e sua vida é tão cinematográfica que o filme parece apenas citar suas passagens em vida. Alguns dos clássicos musicais – como “Eu Nasci Há 10 Mil Anos Atrás” – voam pela tela. Sua infância apenas é registrada – o que, acredito, foi um acerto do diretor Walter Carvalho. Mas isso também acontece com outras fases da vida, como sua carreira de produtor musical e o início do estrelato.

De início o filme parece bagunçado, com idas e vindas no tempo, até que acerta o caminho. Com seus parceiros em tela, caminha pelas músicas em paralelo aos depoimentos íntimos. A direção aposta no drama e mostra choros e saudade de filhos e ex-mulheres.

Há surpresas, como a admiração inconteste de Caetano Veloso por Raul. E cenas raras, como o reencontro com Paulo Coelho em um show no Canecão, no Rio de Janeiro, e o último show – há até entrevistas com os dois comandantes da ainda existente Sociedade Alternativa (um dos pontos altos do filme é Paulo Coelho pego de surpresa ao saber que ainda é considerado sócio).

A vida de Raul não tem como gerar um filme ruim – seria preciso muito esforço para isso. E este honra sua história. É uma aula sobre a vida do roqueiro. Mas uma aula em fast foward.

Raul – O Início, o Fim e o Meio

Ficha técnica:

Ano: 2011

Duração: 130 minutos

Gênero: Documentário

Direção: Walter Carvalho, Leonardo Gudel e Evaldo Mocarzel

Roteiro: Leonardo Gudel